Com a morte de mais uma vítima do acidente com o ônibus da Localima, de Mata Grande, na tarde da sexta-feira (4), na cidade de João Monlevade, região central de Minas Gerais, sobe para 19 o número de óbitos na tragédia.
A morte foi confirmada na manhã deste domingo (6) pela direção do Hospital Margarida, onde estava internada Maria Luiza de Oliveira, 56, no Centro de Terapia Intensiva (CTI). O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, onde os outros 18 óbitos permanecem.
O veículo, que seguia de Alagoas para São Paulo, caiu de uma altura de 35 metros da chamada Ponte Torta, na BR-381, entre João Monlevade e Nova Era.
Embora a Polícia Civil (PC/MG), através do delegado Paulo Tavares, responsável pelo inquérito, já tenha ouvido oito testemunhas da tragédia, ele afirmou em entrevista neste domingo (6) à Rádio Bandeirantes que ainda não se sabe com exatidão se o coletivo estava em alta velocidade no momento da queda, e se outro veículo se envolveu no acidente.
Foi o próprio delegado que atualizou na entrevista ao vivo o número de mortos.
“Infelizmente tenho que falar que mais uma vítima dessa tragédia faleceu nesta madrugada. É a dona Maria Luiza de Oliveira, que estava em estado gravíssimo no Hospital Margarida. Agora, lamentavelmente, são 19 mortos e 25 feridos, entre eles, um garoto de 15 anos”, disse o delegado, que não escondeu a tristeza com o acidente.
Por sua vez, a perita criminal Daniella Rodrigues Caldas Leite, em uma entrevista coletiva no sábado (5), revelou que todos os elementos, como medições e fotografias, foram coletados do local do acidente para análise. Um equipamento do coletivo também foi recolhido para que os peritos analisem se houve alguma falha mecânica no ônibus que possa ter causado o acidente.
“A ponte possui um declive de 4 graus em sua subida. Até agora, o que podemos afirmar é que, quando transitava na altura do KM 350 da via, o ônibus iniciou um movimento de marcha ré e, depois, ele precipitou, devido à inclinação da pista, descendo sem controle, e saindo pela lateral esquerda da ponte. Com isso, o primeiro impacto ocorreu a 26 metros da ponte. Depois, o veículo fez um movimento de giro longitudinal até colidir a sua parte frontal a 34,5 metros da ponte”, esclareceu a perita criminal.
Ainda de acordo com Daniella, não é possível precisar quando o laudo com a causa do acidente será finalizado, já que outros exames e perícias complementares podem ser necessários posteriormente.
A perita ratificou que o ônibus, com placa DTD - 7253/Mata Grande - AL, já havia sido autuado três vezes no ano passado por transporte irregular de passageiros e funcionava através de uma liminar dada pela Justiça, mas que ainda assim não deveria fazer esse tipo de transporte entre estados.
Daniella responsabilizou a empresa proprietária do veículo, com sede em Mata Grande, e as autoridades alagoanas por permitirem que veículos nessas condições e em condições precárias cruzem as estradas de Alagoas, indo para outros Estados transportando vidas humanas a preços baratos.
“É inadmissível que em Alagoas as autoridades policiais e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) finja que não sabe que existam esses transportes indo e voltando, todos os dias, transportando vidas humanas só para locupletar as finanças dos donos desses veículos. Se for o caso desse veículo em questão, o governo de Minas Gerais vai agir dentro da lei e a lei não é branda para isso. Alguém vai ter de pagar e pagar caro pelas vidas dessas pessoas. São famílias que foram desestruturadas para sempre. É crime”, afirmou revoltada a perita criminal.
A empresa Localima, responsável pelo ônibus envolvido no acidente, publicou uma nota de pesar.
“Não nos furtaremos da nossa responsabilidade, e somaremos todas as nossas forças e empenho para prestar total assistência às vítimas e aos seus familiares”, diz o texto. “Nada, absolutamente nada, trará de volta a vida das vítimas. Foi uma fatalidade que gostaríamos de ter evitado”.
A Localima ainda diz que possui um contrato de arrendamento com a empresa J.S. Turismo, que transporta os passageiros seguindo as regras da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ANTT.
No sábado, o presidente Jair Bolsonaro, após pedido do governador Renan Filho (MDB), autorizou que um avião da Força Aérea translade os corpos de todas as vítimas da tragédia de Belo Horizonte para Maceió, de onde serão levados para suas cidades de origem.
Mas o translado ainda irá demorar. A Polícia Civil e a Perícia Criminal de Minas Gerais aguardam a conclusão das fichas datiloscópicas que serão realizadas pelas polícias de Alagoas e São Paulo para ajudar na análise mais precisa.
Segundo explicou o superintendente de polícia técnico-científica, Thales Bittencourt, foi criada uma força tarefa com cerca de 50 pessoas para ajudar na identificação de cada vítima. Thales explicou que essa força tarefa é coordenada por dois médicos-legistas que também auxiliam no trabalho de reconhecimento das vítimas.
VÍTIMAS CONDUZIDAS PARA O HOSPITAL MARGARIDA DE JOÃO MONLEVADE
01. Daiane Santos Silva
02. Heloisa Sofia Nascimento Silva, 2
03. Daniel Oliveira da Silva
04. Vitória Juscelia Oliveira Batalha - Mata Grande - Transferida para o Hospital João XXIII
05. Samuel Oliveira Batalha - Mata Grande
06. Vanessa Oliveira Silva Batalha, 7 (filha de Elânio) - Mata Grande - Sofreu fratura no tornozelo – Está estável.
07. Joyce de Oliveira
08. Elânio da Silva Batalha, 33 - - Mata Grande - Transferido para o Hospital João XXIII – sofreu – Grave, mas estável.
09. Pedro Antônio Silva
10. Josefa Maria da Silva
11. Cícero Pedro
12. Jaílma do Nascimento (Mãe da vítima Pablo Nascimento)
13. Pablo Nascimento Vieira, 11 - Transferido para o Hospital João XXIII – Sofreu traumatismo craniano encefálico grave e contusão cerebral, além de fraturas no crânio e na face.
14. Solange Pereira Silva Barbosa, 50 – Pulou do ônibus, machucou as costas, sente dores para andar e perdeu audição de um ouvido.
15. Vitória Cardoso
16. Tarsiano Campos e Santos
17. Anderson Soares de Oliveira
18. Luana Costa Silva
19. Rodrigo José da Silva
20. Denise Rui Santos
21. Carlos Pereira
22. Cícera Eliane Cavalcante Guerra, 55 – Mata Grande
VITIMAS QUE FORAM A ÓBITO NO HOSPITAL
01. Cícero Jeferson Andrade da Silva
02. Clemilton Santos Nascimento – Natural de Pariconha, mas residia em São Paulo.
03. Cícero Oliveira Lima
04. Caio Lucas Santos - Pariconha
05. Elias Vieira Batalha, 59 - Natural de Mata Grande, mas residia em São Paulo, com a esposa, Maria Selma, que também morreu no acidente.
06 - Maria Luiza de Oliveira
ÓBITOS NO LOCAL
1. Maria Selma da Silva Batalha, 56 – Natural de Mata Grande, mas residia em São Paulo.
2. Denise Maria do Nascimento, 27
3. José Ricardo da Silva (Gugu), 35 – Delmiro Gouveia
4. José Roberto Santos da Silva, 26
5. Lázaro Santos Barbosa, 15
6. Marcondes Teixeira Lima, 25 – Distrito Serra do Cavalo/Água Branca
7. Manoel José da Silva, 63
8. Joelson Queiroz dos Santos (Eucin), 34 - Delmiro Gouveia
9. Graziella Lima (Grazy) – Delmiro Gouveia
10. Cristina - Distrito Serra do Cavalo/Água Branca
11. Amanda Lima Rodrigues, 16 - Distrito Serra do Cavalo/Água Branca
E mais 2 vítimas não identificadas.
DEMAIS PASSAGEIROS (NÃO TIVERAM FERIMENTOS)
1. Cristiano Vieira Batalha – Mata Grande
2. Franco Oliveira da Silva
3. Cícero Neto Lima Dos Santos
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