A Polícia Federal está debruçada nas primeiras análises sobre o material apreendido na operação Trapiche, que investiga o recrutamento de brasileiros pelo grupo extremista Hezbollah.
E essas primeiras análises levaram ao entendimento prévio dos investigadores sobre o papel que esses possíveis recrutados eventualmente poderiam desempenhar – eles tiveram seus planos interrompidos pela investigação.
De posse com a primeira análise de celulares e também da "nuvem" dos suspeitos – a memória digital dos aparelhos telefônicos – a PF constatou, até agora, que:
- são pessoas de "perfil baixo", de pouco alcance ou de pouco conhecimento sobre terrorismo
- não há indícios de que tenham cometido atos terroristas nessa operação ou anteriormente
- esse tipo de perfil é muito buscado pelos terroristas, que tentam recrutar para atos ou para crimes comuns
- há indícios de que os suspeitos pudessem ser usados para lavar dinheiro – ou seja, poderiam não atuar diretamente em atos terroristas
- há fotos da embaixada de Israel em Brasília no celular (e na nuvem) de um dos suspeitos
- a foto é tratada como informação a se aprofundar – a imagem, por si só, não permite a conclusão de que a embaixada seria alvo de algum ato
- as investigações sobre os suspeitos são o início de um fio: há muito a se puxar e por isso a deflagração teve tanta antecedência – em se tratando de terrorismo, a regra é agir antes
- cada suspeito está tendo a sua participação detalhada na investigação.
- ainda é preciso entender as viagens ao Líbano, já que os brasileiros não tinham dinheiro pra ir, e qual a finalidade da participação de cada um e se foi uma primeira abordagem deles.
Músico preso
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o músico Michael Messias, preso neste domingo (12) no Rio de Janeiro apontado como suspeito de ter sido recrutado pelo Hezbollah — grupo libanês extremista apoiado pelo Irã, considerado terrorista por vários países, como Estados Unidos, França e Alemanha — contou que conheceu os libaneses que teriam o recrutado para atos terroristas em um casamento no Rio e que, que viajou ao Líbano e negou ter sido convidado para realizar atividade terrorista.
A TV Globo teve acesso com exclusividade ao depoimento de Messias.
Quando a PF apresentou a ele o símbolo do Hezbollah, afirmou que não viu a imagem em nenhum local no Líbano ou no Brasil.
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