O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (21) não ver motivos para ter os seus direitos políticos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele disse acreditar que a ação apresentada contra ele deve ser arquivada.
Nesta quinta-feira (22), o TSE inicia o julgamento de uma ação, apresentada pelo PDT, que pede a inelegibilidade de Bolsonaro por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
O partido acionou o TSE em razão de uma reunião, ocorrida em julho de 2022, que Bolsonaro convocou com embaixadores de outros países para levantar, sem provas, suspeitas sobre urnas eletrônicas e processo eleitoral brasileiro.
"Não tem por que cassar os meus direitos políticos por uma reunião com embaixadores. É, só julgar com a mesma jurisprudência de 2017, que essa ação será arquivada", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse que a reunião com os diplomatas foi uma "resposta" a uma encontro que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, teria participado com embaixadores para também tratar do processo eleitoral.
"Por que eu me reuni com embaixadores, em julho do ano passado, fora do período eleitoral? Foi porque dois meses antes, o senhor ministro Edson Fachin havia se reunido com embaixadores também. Porque não é competência dele, reunião para tratar de política externa, é competência privativa, do presidente da República, então foi uma resposta ao senhor Edson Fachin", disse.
Bolsonaro deu as declarações durante entrevista, depois de fazer uma visita ao gabinete do filho senador, Flavio Bolsonaro (PL-RJ).
Na entrevista, o ex-presidente disse ainda que não tramou golpe e sempre jogou "dentro das quatro linhas da Constituição".
"Quem falou que tramei golpe? Onde está escrito? Onde aparece meu nome? Eu sempre joguei dentro das quatro linhas, e, desde o primeiro dia, sou acusado de preparar golpe", afirmou.
Sobre a possibilidade de não poder concorrer nas próximas eleições, Bolsonaro disse que não gostaria de perder o direito de participar dos pleitos.
"Não gostaria de perder meus direitos políticos, não sei se serei candidato ano que vem a prefeito ou vereador, não sei. Ou, se no futuro, vou sair a senador ou presidente. Agora, para ser candidato, eu tenho que manter os meus direitos políticos, e isso não é motivo, a acusação de reunir com embaixadores", declarou.
Cristiano Zanin
A ida ao Congresso ocorreu no dia em que o Senado analisa a indicação de Cristiano Zanin ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. O advogado foi escolhido por Lula para ser o substituto do ministro Ricardo Lewandowski na Corte.
Questionado sobre qual avaliação fazia da indicação, Bolsonaro disse que é uma prerrogativa presidencial indicar nomes para O STF.
"É [indicação] privativa do presidente, como quando muita gente criticou que eu indiquei um terrivelmente evangélico ao STF, que levou quatro meses para entrar em pauta a sabatina dele", afirmou em referência ao ministro André Mendonça.
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