Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Cristiano Zanin recebeu nos últimos quatro anos R$ 2,9 milhões por “serviços de consultoria jurídica” pagos pelo Partido dos Trabalhadores.
Os pagamentos começaram a ser feitos em setembro de 2019, pouco antes de Lula deixar a cela especial da Polícia Federal em Curitiba, em decorrência do julgamento no STF que derrubou a prisão após condenação em segunda instância.
Desde então, o escritório de advocacia que Zanin tinha em sociedade com o sogro, Roberto Teixeira, compadre de Lula, recebeu pagamentos mensais de R$ 46.925,00 do diretório nacional do PT, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As transferências, que duraram até agosto do ano passado e totalizaram R$ 1,7 milhão, foram realizadas por meio da conta que o PT recebe doações privadas, como de empresários, e não da conta abastecida com recursos do fundo partidário.
Naquele período, Zanin rompeu a sociedade com Teixeira e abriu novo escritório em São Paulo com a mulher, a advogada Valeska Teixeira Zanin Martins, que atuou ao lado dele na defesa de Lula nos processos da Operação Lava Jato.
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No dia 16 de agosto do ano passado, o novo escritório de Zanin foi contratado por R$ 1,2 milhão para prestar serviços advocatícios à campanha presidencial do então candidato Lula. Foram duas transferências de R$ 600 mil feitas com recursos do fundo eleitoral.
A indicação de Zanin para a vaga do agora ex-ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril, foi oficializada por Lula nessa quinta-feira (1º/6), em comunicado enviado ao Senado Federal e publicado no Diário Oficial da União (DOU).
Para assumir a vaga no Supremo, Zanin precisa de aprovação do Senado. Primeiro, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e, depois, no plenário da Casa. O advogado não deve encontrar dificuldades para ter o nome chancelado.
Quem é Cristiano Zanin
Com 47 anos, Cristiano Zanin é criminalista, professor e advogado que atua nas áreas de direito econômico, empresarial e societário. Advogado de Lula desde 2013, Zanin ganhou notoriedade pela defesa do atual presidente da República nos processos da Operação Lava Jato, ao lado de sua esposa, Valeska Teixeira Zanin Martins.
Foi autor do pedido de habeas corpus impetrado em 2021 no STF que resultou na anulação das condenações de Lula. Com as decisões do Supremo, que reconheceram a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba e parcialidade do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador, o petista recuperou os direitos políticos e ficou apto a concorrer à Presidência da República no ano passado, o que não havia conseguido nas eleições de 2018.
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Em setembro de 2020, Zanin foi alvo de mandado de busca e apreensão expedido pelo juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelo braço fluminense da Lava Jato. A suspeita era que Zanin seria o líder de um esquema de desvio de dinheiro no Sistema S e na Fecomércio do Rio de Janeiro. Na época, Zanin acusou Bretas de ser ligado ao então presidente, Jair Bolsonaro (PL), e alegou que a operação pretendia intimidá-lo. A operação foi anulada pelo STF.
Além de defender Lula, Zanin atua como advogado da Americanas no litígio com o banco BTG Pactual, bem como no processo de recuperação judicial da Varig.
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