Em mensagens enviadas à ex-companheira, o advogado Manoel Elivaldo Júnior disse que iria “espocar a cara” dela, caso a mulher se envolvesse com outro homem. O G1 teve acesso ao processo e nos prints, mesmo dizendo que ama a mulher, Júnior enviou fotos de armas e fez diversas ameaças.
O advogado foi condenado a sete anos por porte ilegal de arma, disparo de arma de fogo e participação em organização criminosa. Já no último dia 22 de abril, ele voltou a ser preso quando tentava impedir que a ex-namorada o denunciasse por agressão.
Por questão de segurança, o G1 não vai identificar a vítima. Júnior foi preso preventivamente em novembro de 2017 após dois vídeos dele circularem na internet, um onde apareceu com uma suposta submetralhadora e em outro afirmando ser membro de facção criminosa.
O advogado de Júnior, Silvano Santiago, afirmou que ele permanece preso na Papudinha e que nega a autoria das mensagens ameaçadoras enviadas à ex-companheira.
“Em juízo, ele disse que, na época das mensagens, o celular dele estava na assistência técnica e que o conteúdo foi enviado pelo técnico, que era amante da mulher”, disse.
Nas mensagens, o advogado afirma que se alguém se envolver com a mulher vai morrer antes mesmo que ela. Ele atesta ainda que não está brincando e chama a ex-companheira de “puta safada”.
“Fala pra Elane que eu a amo muito. E se eu sonhar em saber que ela tá com outro, vai ser daquele jeitão. Sem piedade. Caixão fechado. Miolos no chão. Vou espocar a cara dela de pistola 9m. Sem anistia. Fala pro carinhas [sic] aí. Que se meter com ela vai pro saco primeiro que ela. Não estou brincando. Aqui é papo reto. E bagulho é doido. Viu. Da um alô pra essa puta safada”, disse o advogado.
Ele segue as ameaças. “Se ela ficar com outro. Eu espoco ela aí na loja mesmo. Sem dor e sem piedade. Viu [sic] cuspir no seu cadáver ainda. Desse jeitão. Amo ela. Sou louco por ela. Ai de que quem se meter no meu caminho. Mato até minha mãe. Pra ficar com ela. Sem dor. E sem piedade. Da [sic] uns conselhos pra ela. Senão ela vai morrer cedo. Bagulho é doido. Metralhadora”, escreve.
Laudo psicológico
Um laudo psicológico observou que o advogado não tem histórico de comportamentos agressivos com os companheiros de cela, mantendo um bom relacionamento. Além disso, aparentemente, não demonstrou transtornos psicológicos referentes a quadros depressivos ou outros distúrbios psicológicos.
O psicológico atestou que Júnior não apresentou históricos de distúrbios psiquiátricos, que toma medicação para combate à ansiedade por conta do cotidiano prisional. O advogado relatou arrependimento e demonstrou pensamento coerente com a realidade.
“Esse laudo só vai valer se for do psiquiatra, o do psicológico não, porque ele não tem essa competência para dizer isso”, afirmou Santiago, que deve pedir para que um novo laudo psiquiátrico seja feito com seu cliente.
Assédio contra preso
Outra denúncia contra o advogado é de assédio contra um preso. Conforme um boletim de ocorrência, do dia 18 de abril deste ano, Júnior foi até o presídio Antônio Amaro, em Rio Branco, se identificou como advogado e pediu para conversar com alguns presos. Em um dos atendimentos, ele ficou de joelhos e pediu perdão ao detento.
Em seguida, o advogado entregou uma procuração e disse que iria tirar o preso da cadeia em um período de um mês. Segundo o boletim, o detento saiu para entregar o documento ao agente penitenciário e quando retornou, encontrou Júnior só de cueca, mostrando o corpo e as tatuagens dizendo que era “bixo doido”.
Suspensão da OAB
Após ser preso pela segunda vez, o advogado teve a inscrição da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) suspensa por 90 dias. A informação foi divulgada na quarta-feira (24).
O presidente da OAB-AC, Erick Venâncio, explicou que, além da suspensão, o caso vai ser encaminhado para o Tribunal de Ética e Disciplina da ordem.
“Uma série de notícias chegou na OAB e são incompatíveis com a advocacia, então, foi feita uma suspensão pela presidência e determinado o encaminhamento para o Tribunal de Ética, que vai avaliar se instaura ou não um procedimento ético disciplinar”, confirmou.
Caso seja instaurado o procedimento, Venâncio salientou que Júnior vai a julgamento e até pode ser expulso da ordem, caso o tribunal decida por essa opção.
O presidente frisou que o tribunal deve decidir até o final do mês se instaura ou não o procedimento para apurar a conduta de Júnior. Ele ressaltou que a gestão não vai admitir casos de falta de conduta dos advogados.
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