Ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), manteve, por um período de cinco anos, um esquema de ‘rachadinha‘ e empregou funcionárias fantasmas em seu gabinete. É o que aponta reportagem da revista Veja divulgada nesta sexta-feira, 29. A prática é irregular e consiste no desvio de salário de assessores parlamentares – o funcionário é contratado, não desempenha a função e recebe apenas parte do dinheiro a que teria direito. Alcolumbre nega as irregularidades.
A revista ouviu seis personagens, todas mulheres, que dizem ter participado do esquema no gabinete de Alcolumbre. À reportagem da Veja, elas admitiram que aceitaram a proposta porque precisavam dos recursos e detalharam como funcionava o processo: contratadas, elas abriam uma conta no banco, entregavam a senha e o cartão a uma pessoa de confiança do parlamentar e, em troca, recebiam uma parcela do valor. As funcionárias fantasmas moram em regiões periféricas do Distrito Federal. Segundo a publicação, uma delas, a diarista Marina Ramos Brito, de 33 anos, ficava com apenas R$ 1.350 de um salário de mais de R$ 14 mil. Fazia parte do acordo manter tudo em sigilo e dizer que trabalhavam no Senado. Entre janeiro de 2016 e março de 2021, diz a Veja, Alcolumbre desviou pelo menos R$ 2 milhões.
Após a publicação da reportagem, o presidente da CCJ divulgou uma nota, na qual afirma que foi “surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários”. “Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem. Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos”, segue o comunicado. No texto divulgado à imprensa, Alcolumbre diz que vem “sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes”. O ex-presidente do Senado tem sido pressionado por não pautar a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga do ex-ministro Marco Aurélio Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). O nome “terrivelmente evangélico” foi indicado no dia 13 de julho e está há mais de 100 na gaveta.
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