No início do ano, a Ford anunciou a saída do Brasil, alegando que a decisão foi tomada “à medida em que a pandemia de covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.
Duas fábricas da montadora já foram fechadas, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e uma em Horizonte (CE) será fechada no final do ano. Em outubro de 2019, a Ford já havia fechados as portas em São Bernardo do Campo (SP).
Desde 2019, ao menos 13 multinacionais de vários setores deixaram o Brasil, num movimento que agrava ainda mais o desemprego no país, que atualmente atinge cerca de 14 milhões de brasileiros.
A crise gerada pela pandemia numa economia já estagnada e a baixa competitividade do país afastam investimento estrangeiro e aceleram a ‘desindustrialização’ do Brasil. Entre 2000 e 2019, a participação da indústria de transformação no PIB (Produto Interno Bruto) passou de 13,1% para 10,1%.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quarta-feira (3) uma queda de 4,1% no PIB em 2020, com a atividade econômica registrando a maior contração desde o início da série histórica atual do IBGE, em 1996. A indústria recuou 3,5% e o setor de serviços despencou 4,5%.
A economia já patinava mesmo antes da pandemia do coronavírus.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu, em janeiro de 2019, deixaram o Brasil:
- Ford
Montadora americana anunciou o fechamento de três unidades no país e a demissão de 5 mil pessoas. Os veículos vendidos no Brasil serão produzidos na Argentina.
- Mercedes-Benz
A empresa alemã deixou de fabricar carros no Brasil, com o fechamento de uma de suas fábricas. A Mercedes segue com duas unidades ano Brasil, onde só produz caminhões. Em comunicado, a empresa afirma que a decisão foi por conta do ambiente de negócios desfavorável e da queda nas vendas de automóveis premium no país.
- Audi
Montadora alemã deixou de produzir o A3 no Paraná, em dezembro, e ameaça fechar a produção de seus veículos no Brasil. O motivo seria o fim dos incentivos federais à produção desse segmento de veículos e o ambiente difícil de negócios.
- Sony
A fabricante japonesa de TVs e câmeras fechou sua fábrica de Manaus, com 220 funcionários. As instalações foram vendidas para a brasileira Mondial, que deve produzir TVs, micro-ondas e aparelhos de ar condicionado. A empresa alegou que o “ambiente de marca e a sustentabilidade dos negócios” a levaram a sair do Brasil.
- Roche
Farmacêutica suíça anunciou, em 2020, o fechamento de sua fábrica com 440 funcionários no Rio em até cinco anos. Em comunicado, afirmou que quer focar em produtos de alta complexidade.
- Eli Lily
No país desde 1953, a farmacêutica americana deixou o Brasil em 2020 e transferiu a produção para Porto Rico.
- Forever 21
A rede americana decidiu fechar este ano as 11 lojas no Brasil em desacordo com shoppings por aluguel.
- Walmart
Neste caso, o maior grupo varejista do mundo vendeu 80% de sua operação brasileira a um fundo de investimentos. A decisão, segundo a rede americana, foi parte de um ajuste global.
- Lime
A multinacional de compartilhamento de patinetes anunciou o encerramento de suas atividades no Brasil em janeiro de 2020, seis meses depois de desembarcar no Rio e em São Paulo. A empresa americana disse que a medida era “parte de uma estratégia global para alcançar sustentabilidade financeira”.
- Kiabi
A marca francesa encerrou operação em janeiro deste ano para investir em mercados mais consolidados. A marca tinha duas lojas em SP.
- Glovo
A empresa de aplicativos espanhola encerrou suas atividades no Brasil em 2019, um ano depois de chegar ao país.
- Wendy’s
Com quatro lojas em São Paulo, a rede americana de hambúrguer fechou suas unidades no Brasil em 2019, mas não informou os motivos dessa decisão.
- Hooters
A rede norte-americana encerrou em 2019 suas atividades no Brasil.
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