A operação policial realizada contra uma organização criminosa que resultou em seis suspeitos mortos e 15 presos, na manhã desta sexta-feira (22), no bairro de Águas Claras, em Salvador, era planejada há um ano. Segundo a Polícia Civil, a atuação da organização criminosa responsável por 30 homicídios e tráfico de drogas é monitorada há cerca de seis anos.
As informações foram divulgadas em entrevista coletiva concedida por representantes das policiais Federal, Militar e Civil, que coordenou a ação da operação "Saigon" . A PFR também integrou a mega-operação.
Ainda de acordo com as forças de segurança, a operação não tem relação com a ação realizada na semana passada na região vizinha, no bairro de Valéria, quando um policial federal e quatro suspeitos morreram em confronto.
"Essa operação não tem relação com a Operação Fauda, da semana passada, porque é uma operação que vem sendo planejada há um ano. É lógico que essa operação também ocorre dentro de um contexto de conflito entre facções criminosas", disse Fernanda Asfora.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a ação desta sexta busca cumprir 43 mandados de prisão e de busca e apreensão contra um grupo suspeito de traficar drogas e matar mais de 30 pessoas, na região de Águas Claras, em Salvador.
Os mandados também são cumpridos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no município de Feira de Santana e no sistema prisional.
Das seis mortes, cinco aconteceram na região de Águas Claras e uma em Feira de Santana.
Entre os homens mortos estão, Eduardo dos Santos Cerqueira, mais conhecido como "Firmino", que de acordo com a Polícia Civil, é um dos chefes do tráfico de drogas no bairro. Ele é apontado por ser o mandante de diversos homicídios ocorridos na localidade.
Outro investigado que foi morto é Gilmar Santos de Lima, mais conhecido como "Capenga", que acumula uma extensa ficha criminal, com entradas por tráfico de drogas e homicídio. De acordo com a polícia, o homem era o gerente do tráfico na localidade de "Casinhas", em Águas Claras.
Durante a Operação Saigon, a mãe e a esposa de "Capenga" foram presas. A primeira estava com drogas e R$ 8 mil. Já a segunda estava com uma arma.
"Esse grupo é responsável por mais de 30 homicídios. É uma operação resultante do trabalho investigativo de mais de um ano conduzidas por equipes do DHPP, que reuniram informações de campo e utilizaram análises de dados de Inteligência e técnicas investigativas modernas, reunindo elementos de prova contra a atuação dos criminosos e permitindo a representação por medidas cautelares de prisão e busca e apreensão contra integrantes da organização", explicou a diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro.
Todos os presos foram levados para a sede do DHPP onde ficarão à disposição da Justiça. Um dos mandados de prisão foi cumprido no sistema prisional contra um suspeito de homicídio. Todo material apreendido será encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Participaram também da megaoperação, equipes de vários departamentos da Polícia Civil e agentes das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal.
Mais de mil alunos sem aulas
A Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou que por causa da sensação de insegurança no bairro de Águas Claras, as escolas municipais Eduardo Campos, Cantinho das Crianças, São Damião, Iraci Fraga e Francisco Leite estão com as atividades suspensas nesta sexta-feira (22). Ao todo, 1.769 estudantes estão sem aula.
O Colégio Estadual Santa Rita de Cássia, em Águas Claras, abriu, nesta sexta, mas por precaução, os poucos alunos que compareceram foram dispensados para voltar para casa.
Os colégios estaduais Noêmia Rego e Dinah Gonçalves, em Valéria, e o Nossa Senhora de Fátima, no Derba, abriram, mas registram baixa frequência.
Transporte desviado
Já a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que por causa da operação policial, os ônibus do transporte público de Salvador que operam nos bairros de Cajazeiras 7 e Águas Claras não estão seguindo até os respectivos finais de linha.
Em Cajazeiras 7, os veículos circulam na Estrada do Matadouro e de lá seguem o itinerário. Já em Águas Claras, os ônibus vão até o Largo Vitor Augusto Méier, conhecido como Largo da Mortadela.
Onda de violência
A Bahia vive uma onda de violência entre julho e setembro. Veja o histórico abaixo:
30 mortes em confrontos em uma semana
???? Em uma semana, entre 28 de julho e 4 de agosto, 30 mortes em diferentes confrontos com policiais militares foram registrados na Bahia;
???? Por causa das mortes, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, disse que acionou a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos para acompanhar os casos.
Utilize o formulário abaixo para comentar.