Na semana passada, às vésperas de outra rodada de manifestações contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) transferiu agentes de outros estados para que se infiltrassem nos atos promovidos em Brasília, Rio e São Paulo. Alguns portavam armas.
A Abin é subordinada funcionalmente ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, comandado pelo general e ministro Augusto Heleno. Mas seu diretor, o delegado Alexandre Ramagem, deve o cargo a Bolsonaro e com ele despacha pessoalmente ou por telefone.
Ramagem cuidou da segurança de Bolsonaro depois da facada ocorrida em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018. É amigo dos filhos do presidente da República. Nas redes sociais, avaliza tudo o que a família Bolsonaro pensa ou diz. No último fim de semana, a propósito da ação de vândalos em São Paulo, ele escreveu:
“Tumulto e quebradeira promovidos por criminosos disfarçados de ‘manifestantes’. Policiais estão nas ruas para aplicação das leis e defesa da sociedade, mas são agredidos apenas em razão de seu trabalho e de sua farda.”
Foi mais ou menos a mesma coisa que Bolsonaro repetiu no dia seguinte, e também seus filhos. Bolsonaro já quis fazer de Ramagem diretor-geral da Polícia Federal, mas foi impedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Não desistiu da ideia.
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