O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou de "inadmissível" a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o aplicativo Telegram no Brasil.
"Aqui em Rio Branco tive uma notícia no mínimo triste. A decisão de um ministro de simplesmente banir do Brasil o aplicativo Telegram", disse Bolsonaro em um encontro de pastores em Rio Branco, no Acre, na noite desta sexta-feira (18).
"É inadmissível uma decisão dessa natureza. Porque não conseguiu atingir duas ou três pessoas que na cabeça dele deveriam ser banidos do Telegram, ele atinge 70 milhões de pessoas", declarou.
Ele afirmou que a medida pode "causar óbitos por falta de um contato paciente-médico". A transmissão foi feita nas redes sociais de Bolsonaro.
Suspensão
A ordem do ministro, emitida nesta quinta-feira (17), atende a um pedido da Polícia Federal e foi encaminhada a plataformas digitais e provedores de internet, que devem adotar em cinco dias os mecanismos para inviabilizar a utilização do aplicativo Telegram.
A PF diz que tentou o contato com a plataforma Telegram pelos canais disponíveis, a fim de encaminhar as ordens judiciais de bloqueio de perfis, indicação de usuários, fornecimento de dados cadastrais e suspensão de monetização de contas vinculadas a Allan dos Santos. Não obteve resposta em nenhuma das ocasiões.
Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o aplicativo, "em todas essas oportunidades, deixou de atender ao comando judicial, em total desprezo à Justiça Brasileira". Segundo ele, o desrespeito às leis brasileiras por parte do aplicativo fere a Constituição.
O fundador do Telegram, Pavel Durov, disse nesta sexta-feira (18) que um problema com e-mails impediu a plataforma de receber determinações judiciais.
"Parece que tivemos um problema com e-mails entre nossos endereços corporativos do telegram.org e o Supremo Tribunal Federal. Como resultado dessa falha de comunicação, o Tribunal decidiu proibir o Telegram por não responder", escreveu o empresário russo, que criou o app com o irmão Nikolai Durov. "Em nome de nossa equipe, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal por nossa negligência. Definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor", continuou.
Comunicação
O bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram em todo o território nacional pode dificultar a comunicação do presidente Jair Bolsonaro e de lideranças bolsonaristas com os apoiadores mais fiéis do governo.
Desde 2021, Bolsonaro, seus filhos, ministros e assessores vêm utilizando o Telegram para divulgar conteúdo. O grupo considera que a rede é "livre de censura" e, por isso, utiliza a plataforma para disseminar textos e vídeos com desinformação que poderia ser barrada em outras plataformas.
Atualmente, o "canal oficial" de Jair Bolsonaro no Telegram tem mais de 1 milhão de seguidores. Com frequência, o presidente pede a seus apoiadores que o acompanhem pelo aplicativo – no Twitter, já foram 22 publicações nesse sentido desde o começo do ano.
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