Papilomavírus humano (HPV) é o nome dado a um grupo de mais de 200 vírus de DNA que infectam somente seres humanos. A infecção pelo HPV ocorre principalmente durante relações sexuais desprotegidas (sexo oral, vaginal ou anal), mas também pode ocorrer transmissão de mãe para filho durante o parto, pela saliva e por contato com material perfuro cortante contaminado. Trata-se de uma infecção extremamente comum, de forma que, aos 50 anos, 80% das mulheres terão sido infectadas em algum momento da vida. “Muitas vezes, o sistema imunológico consegue eliminar a infecção em até dois anos. Porém, em alguns casos, ela pode persistir e aumentar o risco de câncer”, explica o oncologista Leonardo Roberto da Silva, do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.
De acordo com o especialista muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas e isso favorece a disseminação da contaminação. Entre os tipos de tumores associados ao HPV, o mais comum é o câncer do colo de útero. Em todo o mundo, é o quarto tumor mais comum entre as mulheres, com uma estimativa de 570 mil novos casos por ano, representando 6,6% de todos os cânceres nas mulheres. Já no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 serão diagnosticados 16.590 novos casos da doença com um risco estimado de 12,6 casos a cada 100 mil mulheres. Em 2017, o tumor foi responsável por 6.385 óbitos. “A vacinação contra o HPV pode ser capaz de erradicar este tipo de câncer. Mas para isso, é necessária uma cobertura vacinal de cerca de 90% e o que temos hoje é insuficiente. É importante que os pais estejam conscientes da importância da vacinação. Os meninos também precisam ser vacinados, porque eles são atingidos por três dos seis tipos de câncer que o HPV causa como o de pênis, o anal e de orofaringe. Além disso, eles são transmissores do HPV para as mulheres”, explica o médico.
Atualmente, no Brasil, existem duas vacinas disponíveis. A vacina quadrivalente que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 e a vacina bivalente que protege contra os tipos 16 e 18. A vacina quadrivalente está incluída no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo administrada a meninas de 9-14 anos e meninos de 11-14 anos. “O efeito da vacina é melhor quando administrada antes do primeiro contato com o vírus. Por isso, é recomendada a aplicação a meninas e meninos antes da primeira relação sexual”, indica o médico.
O oncologista destaca que a vacina é comprovadamente segura. “Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) apresentado em novembro de 2019 comprovou a segurança da vacina do HPV, concluindo que não há relação entre a vacina e os sintomas como convulsões, desmaios e abalos motores generalizados. O mais preocupante é que, de acordo com dados da OMS, 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. Portanto, não há dúvida de que as mulheres são as maiores vítimas dessa infecção sexualmente transmissível”, finaliza Dr. Leonardo.
Utilize o formulário abaixo para comentar.