A cobra da espécie Naja que picou um estudante de medicina veterinária na terça-feira (7), em Brasília, foi encontrada no começo da noite desta quarta (8), perto de um shopping, no Lago Sul.
O local fica a 14 quilômetros de distância do prédio onde mora o jovem, na região do Guará.
O estudante, de 22 anos, permanece internado em estado grave em um hospital particular do Gama. A Polícia Civil e o Ibama investigam o tráfico de animais já que a Naja, uma das espécies mais venenosas do mundo, é nativa da África e da Ásia.
De acordo com o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), o animal foi encontrado no Setor de Clubes Esportivos Sul. Segundo o comandante do BPMA, major Elias Costa, a cobra estava em um local escuro, atrás de um monte de areia.
"O animal estava aparentemente bem. Nós não encontramos ele agressivo, demonstrava até parecer tranquilo."
Criava serpente em casa
A Polícia Civil do Distrito Federal e o Ibama suspeitam que a Naja estivesse sendo criada, em casa, pelo estudante de veterinária. De acordo com a ocorrência registrada na Delegacia Especial de Combate à Ocupação Irregular do Solo e aos Crimes Contra a Ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema), um auditor fiscal do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) procurou a delegacia, nesta quarta, informando que não há registro de importação da serpente.
"Não foi encontrado registro do animal em nome do estudante, nos sistemas daquele órgão", diz a ocorrência.
Durante a tarde, o Ibama esteve no endereço do estudante, no Guará. O órgão informou vai emitir uma multa, contra o criador ou o proprietário da casa onde o animal era mantido. O valor varia de R$ 500 a R$ 5 mil.
"A legislação permite apenas espécies não venenosas para esse fim", explica o instituto.
O órgão disse ainda que fará uma consulta às instituições habilitadas quanto ao interesse em receber a cobra, como zoológicos e institutos de pesquisa.
Na delegacia do Meio Ambiente, um auditor do Instituto Brasília Ambiental disse que o estudante de veterinária mantinha uma página em uma rede social, com fotos e vídeos de algumas espécies de cobras. Mas, segundo o servidor público, "depois do ocorrido a página foi estranhamente apagada".
Estudante em estado grave
O estudante de veterinária precisou ser medicado com um soro antiofídico que só foi encontrado no Instituto Butantan, em São Paulo. O Butantan informou que não produz e nem disponibiliza soro antiveneno para acidentes com Naja, uma vez que é uma espécie exótica, não pertencente à fauna brasileira.
"A instituição somente mantém um pequeno estoque em sua unidade hospitalar de atendimento para eventual acidente com pesquisadores que realizam estudos com o animal na instituição. Doses desta reserva foram enviadas para Brasília atendendo a uma solicitação em caráter emergencial", explicou o Instituto Butantan.
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