O ex-presidente Bolsonaro deve ficar em silêncio no depoimento na Polícia Federal marcado para esta quinta-feira (22). Mas se desenha há algumas semanas, desde o avanço das investigações do roteiro do golpe, uma estratégia nos bastidores que deve causar muito barulho entre aliados: auxiliares de Bolsonaro atribuem, agora, toda e qualquer tentativa de tumultuar a eleição ou o pós-eleição a uma mentoria do general Braga Netto.
Ex-vice derrotado na chapa com Bolsonaro, o general da reserva é apontado por aliados do ex-presidente como o principal responsável por “falar no ouvido” do ex-presidente e incentivá-lo a discutir medidas de virar a mesa.
A versão ganhou força no entorno de Bolsonaro principalmente após a divulgação do vídeo em que ele aparece discutindo com ministros do então governo ideias golpistas.
Sobre comandar essa reunião, aliados dele minimizam e afirmam que era o jeito de Bolsonaro “levantar a moral da tropa”.
Prisão
Desde o início das investigações, Bolsonaro demonstra preocupação dele ou um de seus filhos serem presos. Por isso, tenta terceirizar responsabilidades e circunscrever atos de assessores como “excesso de iniciativa” - como o caso de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
Cid, que viveu 99,9% do governo Bolsonaro, hoje é tratado como um “leva e traz” e chamado de “porteiro” por aliados de Bolsonaro, pois, segundo eles, apenas faria a segurança da porta em reuniões importantes como aquelas entre Bolsonaro e comandantes das forças.
Versão, inclusive, desmentida pelas investigações - que mostram um Cid com plenos poderes para levar e trazer, de fato, mas levar e trazer ideias golpistas e conseguir possíveis adesionistas ao plano de virar a mesa.
Como explica um ex-ministro de Bolsonaro: “Cid era a ponte entre Bolsonaro e militares”.
Novas delações
Por ter fechado delação premiada, Cid perdeu qualquer blindagem de Bolsonaro, que, agora, cuida de acompanhar o desdobramento da investigação em relação a outros aliados, como Marcelo Câmara, que está preso e também vai depor nesta quinta.
No fim do governo, foi Câmara quem assumiu a assessoria pessoal de Bolsonaro, se tornando uma espécie de CEO da vida do ex-presidente.
Apesar de considerar Câmara leal, hoje, bolsonaristas não descartam novas delações- exatamente como fez Cid, que era tido como o principal aliado de Bolsonaro.
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