A ONG Bird Life divulgou em setembro um relatório sobre espécies de aves ameaçadas de extinção no mundo. O Brasil entrou na lista com algumas espécies (Gritador-do-Nordeste, Limpa-Folha-do-Nordeste,Caburé-de-Pernambuco, Arara-Azul Pequena) e dentre elas a famosa ararinha-azul.
Segundo o estudo, que propõe um novo método para a declaração de uma espécie extinta, a ave-famosa como protagonista da animação "Rio"- deixou de existir na natureza por volta dos anos 2000.
Segundo o Instituo Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente, as principais causas para o seu desaparecimento são o tráfico de animais silvestres e a perda e degradação de habitat.
Mas talvez não seja o fim da linha. O Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação das Aves Silvestres (Cemave), órgão do Ministério do Meio Ambiente, explica que as listas de espécies em extinção seguem abordagens distintas e por isso apresentam diferenças.
O estudo da Bird Life não segue o método definido pela União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), que produz uma lista mundial de espécies ameaçadas. É este o método adotado no Brasil atualmente.
“As listas nacionais podem ter pequenas diferenças em relação à lista global de espécies ameaçadas e quando se propõe um novo método, como a BirdLife fez, novas diferenças podem aparecer”, explica Priscilla Amaral, coordenadora do Cemave.
O caso da ararinha-azul é um destes exemplos. Segundo Rosana Subirá, Coordenadora Geral de Estratégias de Conservação, ela ainda consta na lista de Criticamente em Perigo/ Possivelmente Extinta da Natureza.
Para ela, a BirdLife considera que a área de ocorrência da espécie já foi bem amostrada e que a observação de um indivíduo em vida livre que ocorreu em 2016 refere-se a um escape de cativeiro.
“Já o ICMBio considera que existem áreas de ocorrência potencial da espécie que ainda precisam ser investigadas e que não há argumentos que levem à conclusão definitiva de que o indivíduo avistado em 2016 seja oriundo de escape de cativeiro”, explica.
Ajuda do exterior
Embora possa estar extinta na natureza, a ararinha-azul brasileira não desapareceu por completo. Quatro instituições no exterior e uma no Brasil mantém aves em cativeiro e trabalham para o aumento da população e uma possível reintrodução dos animais na natureza.
Dois acordos internacionais, assinados em 2016 e 2018, envolvendo estes criadouros, a Parrots International, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente, fomentam as atividades de recuperação da espécie, diz Subirá.
“Esses acordos permitirão a transferência de 50 ararinhas da Alemanha para a área de soltura no Brasil e a execução do projeto de reintrodução”, diz.
A estimativa é que o projeto permita reintroduzir as aves na natureza até 2022.
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