Durante a pandemia do novo coronavírus, o Exército Brasileiro comprou pelo menos dois lotes de insumos importados para a fabricação de cloroquina por quase o triplo do que tinha pagado a mesma empresa mineira dois meses antes. O valor registrado pelas compras foi de R$ 782,4 mil, segundo a CNN Brasil.
A compra está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e foi alvo de denúncia a Procuradoria-Geral da República, que avalia se abrirá um inquérito.
No momento da compra, o laboratório do Exército (LQFEx) não questionou o aumento no preço. O questionamento só foi realizado após o TCU começar a investigar o caso.
Em março de 2020, o Exército comprou 300 kg difosfato de cloroquina, base do medicamento, do grupo Sul Minas por R$ 488 por kg, mesmo preço praticado pela empresa em 2019. Já em maio, o Exército fez outro pedido, desta vez de 600 kg, mas pagando R$ 1.304 por kg.
A Sul Minas chegou a oferecer o produto por R$ 2,2 mil por kg, mas a proposta foi rejeitada pelo Exército.
De acordo com a empresa, o aumento se deve ao aumento dos custos internacionais, principalmente a elevações de preço da fabricante do produto, a IPCA. Um dos representantes do grupo, Marcelo Luis Mazzaro, alega que a IPCA aumentou o peço em 300$ em março e 600% em abril, além de aumento de 300% no custo do frete e a variação cambial.
No entanto, e-mails enviados durante a negociação revelaram que a Sul Minas ainda tinha estoque do material desde março e reajustou o preço mesmo assim. Além disso, parte dos insumos enviados ao Exército em maio não foram comprados no exterior, mas sim de empresas brasileiras.
Em junho, o Ministério da Defesa afirmou que existiam 1,8 milhão de comprimidos de cloroquina no estoque do laboratório do Exército, cerca de 18 vezes a produção anual do medicamento em anos anteriores. Até 2019, o LQFEx produzia o medicamento para tratamento de casos de malária.
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