O fundador da empresa Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, e a filha, Laura, foram presos temporariamente, acusados de sonegação de imposto.
O empresário Ricardo Nunes foi preso em São Paulo e levado para Belo Horizonte no fim da tarde desta quarta (8). A filha dele, Laura Nunes, foi presa na capital mineira. Um diretor da empresa é considerado foragido. A força-tarefa, formada pela Receita Estadual de Minas, Ministério Público e Polícia Civil, cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e investiga um esquema milionário de sonegação de impostos.
A força-tarefa afirma que a fraude funcionava assim: um consumidor ia em uma das lojas e comprava uma televisão, por exemplo, no valor de R$ 3 mil. A alíquota de ICMS em Minas para esse tipo de equipamento é de 18%. A empresa cobrava os R$ 540 do consumidor, mas não repassava à Receita Estadual. A investigação aponta que o empresário desviava o dinheiro para comprar imóveis e participações em empresas e colocava tudo em nome da filha, Laura, do irmão e da mãe, que tem 80 anos.
“Foi aí que a gente levantou e falou ‘opa, a empresa está faturando, não está recolhendo e o patrimônio dela está crescendo’. Então, foi por isso que pedimos sequestro a fim de ressarcir o estado de Minas Gerais”, explica Vitor Abdala, delegado da Polícia Civil (MG).
O governo de Minas estima que deixou de arrecadar R$ 387 milhões em oito anos. “Na realidade, a empresa declara, efetivamente, o débito que ela deve, só que não faz os pagamentos. Fazia diversos parcelamentos e não os cumpria”, destaca Antônio Castro Vaz de Melo Filho, superintendente da Secretaria estadual da Fazenda (MG).
Os investigadores concluíram que, quando Ricardo Nunes dirigia a Ricardo Eletro, a empresa tinha dinheiro em caixa para pagar os impostos, mas não pagava de propósito. Além da sonegação fiscal, o empresário e os outros suspeitos também vão responder por lavagem de dinheiro e apropriação indébita.
A Justiça bloqueou R$ 60 milhões em bens, mas a investigação acredita que o patrimônio dos suspeitos acumulado ilegalmente seja bem maior. Ricardo Nunes deixou a empresa no ano passado. Hoje, a Ricardo Eletro pertence a outro grupo.
Promotores de outras regiões já pediram o compartilhamento das provas. “A prática é rigorosamente a mesma. Na Bahia, no Ceará, na Paraíba e no Rio de Janeiro”, destaca Fabio Nazareth, promotor do Ministério Público de Minas Gerais.
Na noite desta quarta (8), a pedido do Ministério Público, a Justiça revogou a prisão de Laura Nunes. Os promotores afirmaram que ela foi ouvida e colaborou com a investigação. A defesa dela é a mesma do pai e disse que, nesta quinta (9), Ricardo Nunes vai prestar todos os esclarecimentos e colaborar com as investigações.
A defesa do diretor da empresa, Pedro Daniel, que era considerado foragido, disse que a Justiça revogou a ordem de prisão e que vai se apresentar às autoridades para prestar esclarecimento.
A Ricardo Eletro afirmou que Ricardo Nunes e parentes dele não fazem mais parte da companhia desde o ano passado, que a operação de hoje faz parte de processos anteriores à atual gestão, e que estava em discussão avançada com o estado de Minas Gerais sobre o pagamento dos tributos passados.
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