A Polícia Federal deflagrou na manhã deste sábado (21) a operação Pés de Barro, que investiga desvios de recursos para obras de uma adutora no sertão da Paraíba.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, entre eles no gabinete do deputado José Wilson Santiago (PTB-PB), na Câmara dos Deputados, em Brasília. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que autorizou as buscas, também determinou o afastamento de Santiago do cargo.
Em imagens coletadas pela Polícia Federal, o prefeito de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes (PSDB), aparece depois dos encontros para entrega de propina escondendo dinheiro dentro da cueca.
A Polícia Federal cumpre quatro mandados de prisão preventiva, mas o deputado José Wilson Santiago não é um dos alvos. A PF pediu a prisão do deputado, mas Mello indeferiu.
Em nota, a defesa de Santiago afirmou que ele "recebe com respeito e acatamento a decisão do Ministro Celso de Mello" e que "está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados".
Já o PTB, partido do deputado, informou, também em nota, que "acompanhará o andamento das investigações" e que "espera que Wilson Santiago consiga provar sua inocência."
Outros alvos
Além do deputado, a operação tem outros sete alvos, entre eles três assessores e um funcionário de Santiago, além do prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes, um funcionário dele e um empresário.
No total, são 13 mandados de busca e apreensão, nas cidades de João Pessoa, São João do Rio do Peixe, Uiraúna (PB) e Brasília (DF).
Há ordens de afastamento das funções públicas para outros seis alvos da operação, além do deputado.
De acordo com a Polícia Federal, os investigados podem responder pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, fraude licitatória e formação de organização criminosa. Se condenados, as penas podem passar dos 20 anos de reclusão.
Investigação
A investigação, informou a PF, apura o pagamento aos suspeitos de propina no valor de R$ 1,2 milhão. o dinheiro teria vindo do superfaturamento nas obras de construção de um sistema adutor entre as cidades de São José do Rio do Peixe e Uiraúna, no sertão da Paraíba.
Essa obra estava orçada inicialmente em R$ 24,8 milhões, ainda de acordo com a polícia.
De acordo com a PF, o inquérito surgiu de informações obtidas em uma proposta de delação premiada, que está sob sigilo.
O ministro Celso de Mello determinou ainda a indisponibilidade dos bens dos suspeitos.
Ex-governador preso
Nesta semana, o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) foi preso durante outra operação da Polícia Federal no estado, e que investiga organização criminosa suspeita de desvio de R$ 134,2 milhões de serviços de saúde e educação.
O atual governador da Paraíba, João Azevêdo (sem partido), também foi alvo da operação. Ele não foi preso, mas a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio da Redenção - sede do governo - e na Granja Santana - residência oficial do governador.
Não há informações até o momento se existe relação entre as duas operações.
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