O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o governo estuda formas de evitar que o auxílio emergencial de R$ 600, destinado a amenizar impactos econômicos do novo coronavírus sobre informais, seja automaticamente usado para pagar dívidas como cheque especial no negativo quando cair na conta do beneficiário.
Questionado em entrevista coletiva no Palácio do Planalto nesta terça-feira (7), ele disse que o risco foi levantado em discussões com o Ministério da Economia. "Estamos estudando para que não aconteça, não tenho uma resposta definitiva, mas estamos olhando para que não aconteça."
Mais cedo, o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) garantiu que o auxílio não seria consumido pelo cheque especial do beneficiário, por exemplo, caso haja saldo negativo. Ele destacou que o dinheiro ficará "protegido", fruto de um acordo do governo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Na coletiva, o presidente do BC também enfatizou que a autoridade monetária agiu com rapidez.
"Nos antecipamos bastante. No início víamos como um problema externo, na China e na Ásia. Quando vimos as curvas de contaminação na Europa, entendemos que chegaria aqui", detalhou. "Vamos fazer um delivery [entrega] mais rápido que foi feito nos Estados Unidos por exemplo."
"No fim de fevereiro, vendo esses modelos de bancos americanos, num domingo, liguei para o ministro Mandetta e falei 'ministro, estou vendo um negócio aqui que pode ficar complicado para o país'", lembrou.
Ele ressaltou que o BC percebeu que os bancos tinham deixado de emprestar às grandes empresas, que se financiavam no mercado de capitais, e passaram a dar crédito às pequenas e médias. "Entendemos que era importante fazer alguma coisa nesse sentido."
"Começamos a prestar atenção nos setores que seriam afetados. O câmbio tem uma funcionalidade e que tenhamos uma condição monetária estimulativa, sempre de olho nos canais de crédito", disse.
Campos Neto citou medidas liberadas até agora e informou que a transferência do Tesouro para o BNDES foi feita hoje, "o que significa que os pagamentos começarão a ser feitos amanhã ou depois."
Ele também antecipou que a autoridade monetária lançará medidas de crédito voltadas para as grandes empresas e também para as microempresas e microempreendedores individuais.
O presidente do BC fez um apelo às famílias e aos empresários. "É muito importante que todos respeitem os contratos. Nós no governo entendemos que é importante que todos cumpram os contratos, quando as economias sofrem choques e deixam de cumprir contratos a recuperação é mais lenta e dolorosa", frisou.
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