A jovem de 28 anos morta a tiros pelo ex-companheiro e policial militar Edgar de Oliveira Fonseca, de 33 anos, em Guarujá, no litoral paulista, já havia registrado boletim de ocorrência por violência doméstica contra ele. A informação foi confirmada por uma amiga da vítima ao G1 nesta quarta-feira (13). Segundo a colega, Débora Raquel Silva era constantemente ameaçada pelo policial. O ex-marido também efetuou disparos contra o atual namorado da vítima. Edgar está preso. Pouco antes de morrer, a jovem trocou mensagens via WhatsApp com amigos afirmando que estava feliz na nova relação.
O crime aconteceu às 23h30 de segunda-feira (11), quando as vítimas chegavam em frente à casa do atual namorado de Débora, na Rua São Pedro, no bairro Pae Cará, no Distrito Vicente de Carvalho. O PM chegou ao local de moto e efetuou disparos que atingiram a jovem e seu namorado, de 24 anos. Ela não resistiu e morreu no local. O rapaz foi resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado para o pronto socorro.
O jovem está sob cuidados médicos no Hospital Santo Amaro. Ao G1, a unidade informou que a vítima levou um tiro de raspão e seu estado clínico é estável. Débora teve com o soldado dois filhos, um menino de 7 anos e uma menina de 6. Segundo a PM, após o crime, as equipes policiais seguiram para a casa do autor dos disparos e ex-companheiro da vítima. O homem foi encaminhado à delegacia e negou envolvimento com o crime, entretanto, ele foi reconhecido pelo namorado da sua ex-companheira.
De acordo com a polícia, ele alegou que havia trabalhado na PM, em Santos, até às 22h. Ainda conforme a versão de Edgar, ele não queria reatar com Débora, porque foi ele quem terminou a relação e não se importava dela estar em um novo relacionamento. A informação, porém, foi contestada por amigos próximos à vítima.
"Ele que se separou, porém, não a deixava viver a vida dela. Antes, ela estava conversando com um rapaz e ele foi pedir para o rapaz se afastar dela. Há pouco tempo, ela começou a sair com esse atual namorado, estava feliz por estarem se dando bem, e aconteceu essa tragédia", contou a auxiliar administrativo Isabela Caires de Souza, de 28 anos, amiga de Débora desde a época da escola.
De acordo com Isabela, a amiga contava que o policial militar a ameaçava por não aceitar o término da relação. Inclusive, a vítima já havia registrado ocorrência por violência doméstica praticada pelo ex-companheiro.
"Eles foram casados e tiverem os dois filhos. Ficaram juntos por 10 anos, porém, ela vivia sofrendo ameaças dele. Ela voltou para a casa dos pais e ele invadia a residência, ameaçava bater nela e já até prendeu ela dentro de casa. Várias vezes a polícia era acionada e ia até lá. Ela até fez um boletim contra ele, mas não sei se deu continuidade por causa das ameaças", diz a auxiliar administrativo.
"Quando assistimos esse tipo de notícia na televisão, a gente se revolta, é claro. Mas, quando é com pessoas próximas a você, é diferente, é um 'mix' de sentimentos e revolta que não dá para explicar. É difícil de acreditar que essa menina tão dócil, simpática, dona de um sorriso encantador foi morta de uma forma tão cruel e absurda. Mais quantas Déboras irão perder suas vidas para o feminicídio?".
De acordo com Isabela, o corpo de Débora será sepultado na manhã desta quarta-feira, no Cemitério de Vicente de Carvalho. Com relação a Edgar, a Polícia Militar afirmou que irá apurar os fatos com rigor, ouvir testemunhas e verificar imagens.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), foi requisitada perícia para o local dos fatos, exames residuográficos, além de imagens de câmeras de monitoramento da região. A arma do policial foi encaminhada para perícia. O caso foi registrado pela Delegacia Sede da cidade. Lotado no 6º BPM/I, o investigado foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na Capital.
O G1 questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre o registro do boletim de ocorrência já feito pela vítima anteriormente, mas não obteve resposta.
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