O juiz Renan Chaves Carreira Machado, da 26ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, mandou soltar os três presos na operação Sufrágio Ostentação, que investiga o esquema de candidaturas laranjas do PSL, em Minas Gerais. Dois deles são assessores e o outro é ex-assessor do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral, como a prisão era temporária, ou seja, válida por cinco dias, o juiz optou por não renovar e determinou a soltura de Mateus Von Rondon, assessor especial do ministro, Roberto Silva Soares, mais conhecido como Robertinho, que foi um dos coordenadores da campanha de Marcelo Álvaro Antônio à Câmara dos Deputados, em 2018, e também de Haissander Souza de Paula, ex-assessor do ministro na Câmara dos Deputados.
Ainda segundo o TRE, o juiz entendeu que a prisão temporária cumpriu os objetivos e, como o prazo venceu, ele determinou a soltura.
Investigação
Desde fevereiro, a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Eleitoral investigam o PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro, pelo uso de candidatas de fachada para desvio de recursos do fundo eleitoral. Promotores veem indícios de fraude em caso de mulheres que receberam volume considerável de dinheiro, mas tiveram poucos votos. A suspeita é que elas não fizeram campanha e combinaram a devolução de recursos ao partido.
A empresa do assessor Mateus Von Rondon aparece na prestação de contas de quatro candidatas a deputada estadual e federal suspeitas de terem sido usadas como laranjas pelo PSL de Minas.
Ao todo, Lilian Bernardino, Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila Fernandes declararam ter pago quantia de R$ 32 mil à empresa de Von Rondon. De acordo com a PF, ao que tudo indica, a empresa foi criada só para esta finalidade, pois foi fechada logo após o fim das eleições.
De acordo com as investigações da PF, Roberto Silva Soares é suspeito de negociar devoluções de quantias pelas candidatas suspeitas. Ele é o atual primeiro-secretário do diretório do PSL em Minas.
Além disso, o irmão dele, Reginaldo Donizete Soares, é sócio de duas empresas (I9 Minas e a Imagem Comunicação) que figuram como prestadoras de serviços eleitorais (pesquisas e publicidade) às candidatas investigadas. De acordo com a PF, a I9 Minas não funcionava havia menos dois anos, mas de acordo com informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as duas empresas teriam recebido R$ 44,9 mil de duas candidatas.
Ainda segundo as investigações da PF, Haissander, que na época trabalhava como assessor do gabinete Álvaro Antônio na Câmara do Deputados, também cobrava das candidata suspeitas a devolução da verba pública de campanha para destiná-la a uma empresa ligada a outro assessor político (a gráfica do irmão de Robertinho).
Os suspeitos são investigados pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, emprego ilícito do fundo eleitoral e associação criminosa.
O Ministério do Turismo disse que "é importante esclarecer que não há qualquer relação entre a investigação da Polícia Federal e as funções desempenhadas pelo assessor especial Mateus Von Rondon no Ministério do Turismo. O órgão aguarda mais informações para se pronunciar sobre o caso".
O PSL divulgou nota dizendo que as contas de campanha foram aprovadas pelo TSE e que "tudo foi feito dentro da legalidade". "Todos os partidos políticos do Brasil tiveram candidatas cujo resultado nas urnas foi aquém da expectativa. Só podemos classificar essa como uma investigação seletiva, com o objetivo de atingir o partido ao qual o Presidente da República é filiado, embora ele não tenha nada a ver com isso."
De acordo com a defesa de Mateus Von Rondon, ele tem bons antecedentes, residência e trabalho fixos, sempre esteve à disposição da Justiça e, por isso, o pedido de prisão temporária com a finalidade única e exclusiva dele prestar depoimento causou estranheza.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos outros detidos.
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