Vários moradores do DF se manifestaram nas redes sociais após o Metrópoles mostrar a permanência de policiais militares em uma casa noturna do Setor Hoteleiro Sul, fazendo, inclusive, o transporte de prostitutas na madrugada em viaturas e deixando o estabelecimento com cervejas.
No Facebook do Metrópoles, os comentários criticavam a atitude dos policiais flagrados pela reportagem. “Enquanto isso, a população sai para trabalhar às cinco da manhã e é assaltada nas paradas de ônibus. Não se vê uma viatura fazendo ronda!”, disse um morador. “Quantas ocorrências deixaram de ser atendidas e quantos crimes poderiam ser evitados se esses PMs estivessem nas ruas e não em uma boate de prostituição em pleno horário de serviço?”, escreveu outra pessoa.
Outras pessoas ainda denunciaram pontos onde policiais ficam parados com as viaturas por longas horas. “O 8º Batalhão de Ceilândia fica no Beer House. O 2º Batalhão de Taguatinga fica no Pistão Lanches. O 4º (Batalhão) do Guará fica no Bar da codorna e por aí vai. Já virou cultural o uso indevido do estado em benefício próprio dentro da PMDF”, disse uma pessoa. “O GTOP 46 não passa essa vergonha não! Suas viaturas sempre se encontram no estacionamento do Gullas Burger ou do Geléia Burger! Quem dúvida é só perguntar para a população da Santa Maria!”, escreveu outra pessoa.
Investigação
O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou, nesta sexta-feira (26/07/2019), que vai cobrar da Corregedoria da Polícia Militar punição aos integrantes da corporação mostrados na matéria do Metrópoles. “Já determinei ao secretário de Segurança que acompanhe todo o procedimento. Eu peço aos policiais e aos bombeiros, que são bem-remunerados, que chega dessa história de corrupção”, disse.
A Corregedoria da Polícia Militar abriu investigação para apurar os fatos. “Toda atuação da PM está pautada pelos princípios constitucionais da legalidade e moralidade pela estrita obediência ao ordenamento jurídico. Sendo assim, qualquer conduta que extrapole esses ditames legais será passível de apuração por meio de procedimento legal”, diz a corporação, em nota. A investigação será feita por meio de inquérito policial militar (IPM).
Quatro meses
Ao longo de quatro meses, o Metrópoles acompanhou a relação próxima entre policiais, proprietários da casa noturna, funcionários e mulheres que ganham a vida com o sexo. Durante as campanas, a reportagem constatou que, semanalmente, grupos de PMs frequentam o estabelecimento. Alguns, inclusive, chegam a passar até três horas dentro do prédio.
Entre os meses de abril e julho, pelo menos 13 viaturas de diferentes prefixos transportaram mulheres que trabalham na casa de shows após as noitadas. Pagos para combater práticas criminosas, policiais tinham o hábito de entrar na boate sempre entre 23h30 e 3h30, quando o movimento de pessoas é reduzido nas ruas do Setor Hoteleiro. O modus operandi era semelhante em todas as situações flagradas: dois ou três militares ficavam na porta de entrada da Alfa Pub, conversavam com os seguranças e entravam.
Na madrugada dessa quinta-feira (25/07/2019), a Alfa Pub fechou às 2h. Do lado de fora, algumas prostitutas fumavam cigarros de maconha. Instantes depois, uma viatura da PMDF se aproximou, mas não era para repreender o grupo por uso de entorpecentes. Sem demonstrar preocupação com a presença de representantes do estado, uma das garotas apagou o baseado, enquanto a outra seguiu em direção ao veículo. Após um rápido bate-papo, ela entrou no carro e deixou o local com os PMs.
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