Investigações do Ministério Público mostram que o ex-assessor Fabrício Queiroz demitiu uma ex-funcionária do gabinete de Flávio Bolsonaro para evitar uma vinculação entre o então deputado e um miliciano. Queiroz e a funcionária trocaram mensagens no dia 6 de dezembro de 2018, dia em que a movimentação financeira dele se tornou pública e virou notícia.
Fabricio Queiroz fez transferências bancárias de maneira suspeita no valor de R$ 1,2 milhão no período de um ano, entre 2016 e 2017. As informações vieram de um relatório do Coaf. Em seguida, o Ministério Público passou a investigar se ele arrecadava parte dos salários de outros funcionários do gabinete e repassava para Flávio Bolsonaro.
O jornal O Globo revelou nesta quinta-feira (5) os diálogos entre Fabrício Queiroz e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega. Na conversa, o ex-assessor explica que a exoneração aconteceu por causa das investigações do MPRJ.
Danielle Nóbrega tinha sido casada com Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como capitão Adriano e apontado como membro de uma milícia na Zona Oeste do Rio.
Durante a conversa, Queiroz pediu à Danielle que evitasse usar o sobrenome do ex-marido. Ela respondeu que não usava mais, mas ficou insatisfeita com a perda do salário de R$ 2,5 mil.
Ela perguntou se Queiroz poderia lhe ajudar, mas ele respondeu que não ia tratar desse assunto por telefone.
O Ministério Público do Rio apreendeu o aparelho em janeiro de 2019, durante uma operação contra milicianos acusados de homicídios e cobranças ilegais de moradores. Um dos mandados de prisão, na época, era contra o capitão Adriano Nóbrega, que continua foragido. Ele também é suspeito de participar de um grupo de matadores de aluguel.
A defesa de Fabrício Queiroz disse que as conversas tinham como objetivo evitar que se pudesse criar qualquer suposição espúria de um vínculo entre ele e a milícia. Além disso, afirmou que Daniele foi convidada por ele a participar do gabinete em razão do trabalho social que faz.
O advogado disse ainda que todo e qualquer fato é distorcido para revelar algo supostamente ilícito, quando, em verdade, segundo a defesa de Queiroz, somente houve trabalho sério, honesto e comprometido.
A defesa do senador Flávio Bolsonaro não se manifestou até a publicação desta reportagem.
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