Principal estrela da campanha publicitária da Caixa Econômica para divulgar o auxílio emergencial, o locutor de rodeio Cuiabano Lima foi o mestre de cerimônias do presidente Jair Bolsonaro durante o ato pró-governo do último sábado (15). O evento, organizado por ruralistas e religiosos, causou mais uma aglomeração em meio à pandemia. Vestidos de verde e amarelo, os participantes protestavam contra as medidas de isolamento social para combater a covid-19, pediam “intervenção divina” e anunciavam: “Bolsonaro, eu autorizo”, em alusão a uma tentativa de golpe militar.
Cuiabano negou que tivesse recebido cachê para participar do evento. “Eu estava lá por livre vontade. Fui pelo agro. Eu sou produtor rural e estava representando a classe do agronegócio. Tenho uma fazenda no Triângulo Mineiro e integro a classe de produtores que está ajudando o Brasil. Ninguém parou”, disse ao ser questionado sobre a participação no evento.
Ele também negou que houvesse conflito de interesse. "Não houve porque eu fui como produtor rural. O Cuiabano artista é outra coisa. Eu fiz a campanha da Caixa como locutor”.
Até o início da semana, a foto de Cuiabano Lima estava na capa do site da Caixa. Cuiabano estrelou a campanha “Auxílio Emergencial-Fase 2” voltada à divulgação do pagamento da segunda parcela do auxílio. Nesta fase, o benefício entregou aos brasileiros que perderam a renda por conta da pandemia um total de R$ 150 (para pessoas solteiras) a R$ 375 (para famílias) em três parcelas mensais. O valor é menos da metade do auxílio emergencial pago no ano passado, o que gerou críticas por parlamentares de oposição sobre a insuficiência do valor para enfrentamento da crise.
Campanha divulgou pagamento de R$ 150
De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, divulgada em abril, o novo valor do auxílio emergencial não é capaz de compensar as perdas econômicas acumuladas por 43% dos beneficiários.
Também em abril o Brasil registrou recorde de desemprego. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o país chegou ao total de 14,4 milhões de pessoas na fila por uma oportunidade de. Este número é o maior desde 2012.
O hiato entre as duas rodadas do auxílio e o retorno do benefício abaixo do esperado também contribuiu com o aumento do número de brasileiros vivendo na pobreza ou extrema pobreza. Ainda conforme o IBGE, o país tem, atualmente, quase 27 milhões de pessoas nessa condição. Isso significa que elas sobrevivem com menos de R$ 246 mês no bolso para sustentar a família.
Cachê não informado
O contrato para a campanha da segunda fase do auxílio foi firmado com a Propeg, uma das agências de publicidade contratadas pelo banco através de processo licitatório.
A assessoria da Caixa, no entanto, não informou o valor do cachê pago ao artista e indicou que os dados ficarão disponíveis no portal de transparência em até 90 dias após a finalização da campanha.
No ano passado, Cuiabano participou de outra campanha do Banco, desta vez ao lado do cantor Gustavo Lima para divulgar a Mega Sena da Virada. O valor do cachê na época foi de R$ 36 mil.
Cuiabano é filiado ao PRTB, mas afirmou que nunca disputou nenhuma campanha política.
Participaram da manifestação do final de semana os ministros da Defesa, Braga Netto, da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, da Agricultura, Tereza Cristina, do Meio Ambiente, Ricardo Salles e do Turismo Gilson Machado. Eles estavam no carro de som ao lado de Cuiabano e do presidente. Parlamentares aliados também compareceram ao ato.
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