Em pleno 2017, morar na casa dos pais tem se tornado algo comum. E não estamos falando de jovens estudantes, mas de adultos entre 30 e 40 anos que, em alguns casos, já estão bem encaminhados profissionalmente e até mesmo independentes financeiramente. Alguns casos acontecem por comodidade e redução de custos, mas em outros, é comum que os filhos fiquem em casa para evitar que seus pais sofram de uma síndrome, talvez não muito famosa, chamada “Ninho Vazio”.
De acordo com a psicóloga do Hapvida Sáude, Sarah Lopes, a síndrome é um termo utilizado para caracterizar os pais que se encontram em uma situação com sintomas semelhantes à depressão quando seus filhos saem de casa. “Geralmente a genitora é a mais atingida, levando em consideração sua dedicação aos filhos. Neste momento, é como se o papel que estes exerceram durante muito tempo se tornam dispensáveis diante da independência dos filhos”, comenta.
Com Carmem Melo acontece desta forma. Formada e prestes a completar 37 anos, ela afirma que não deixou ainda a casa dos pais por conta da pressão sofrida por sua mãe. “É engraçado porque mesmo prestes a chegar aos 40 anos a minha mãe parece que me enxerga como uma criança desprotegida. Todas as vezes que falo sobre sair de casa ela argumenta logo que é um absurdo a pessoa que tem família querer sair de casa”, explica a comunicóloga.
Segundo a psicóloga, “existe uma sensação de inutilidade que é direcionada especialmente para a responsabilidade e o papel dos pais na vida dos filhos. Geralmente, a síndrome do Ninho Vazio tende a terminar quando os pais voltarem a restabelecer a sua rotina sem a presença dos filhos, ou ainda, com a chegada dos netos no ambiente familiar”, afirma a profissional.
A relação entre pais e filhos deve ser a mais natural possível, ainda assim, não é possível prever se esta síndrome existirá ou não. Segundo Sarah, é possível minimizar os efeitos da síndrome. “Para minimizar os efeitos, o ideal seria que os filhos, caso saiam de casa por conta de constituição de uma nova família, utilizem de outros meios para que as famílias não sintam tanto a ausência dos filhos, como, por exemplo, programar um almoço semanal onde todos possam se encontrar”, diz Sarah.
Segundo a profissional de psicologia, os pais devem estabelecer meios de lazer sem que os filhos necessariamente precisem estar envolvidos, ou seja, começar a reestruturar as suas vidas de forma também independente, saber que neste momento precisam estar voltados para o aproveitamento do casal ou para fazer coisas que sempre tiveram vontade e, por causa dos filhos, acabaram abdicando desta realização.
Questionada sobre a possibilidade do luto causar a síndrome, ela explica: “Não é a mesma coisa. O luto é diferente da síndrome do Ninho Vazio. A grande diferença é o contato físico com o filho, ou ainda a manutenção da vida do filho que ainda é possível para os pais, eles somente não estão no mesmo lar, mas ainda é possível acompanhar a evolução destes”, destaca.
Diagnóstico e tratamento
A síndrome do Ninho Vazio tende a finalizar por si só, desde que os pais comecem a dar continuidade para as suas vidas de forma independente. Porém, quando esta síndrome demora bastante, pode se tornar uma depressão. “O período para definir um pouco esta diferença está no tempo em que os pais levam para sair desta condição, que pode variar de 3 a 6 meses, que é o tempo de adaptação. Caso este período se estenda um pouco mais, é necessário um acompanhamento. Neste caso, o tratamento é semelhante a um quadro depressivo, sendo avaliado a necessidade de uma terapia medicamentosa, para isto, seria interessante procurar um profissional para esta avaliação”, elucida.
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