O Papa Francisco fez um alerta nesta segunda-feira (7) contra o ressurgimento de movimentos nacionalistas e populistas. Ele também criticou países que tentam solucionar crises migratórias com ações unilaterais ou isolacionistas.
O papa, em discurso anual para diplomatas, sugeriu que políticas de portas fechadas estão voltando 100 anos no tempo, para o perigoso período entre as guerras mundiais.
Os relacionamentos da comunidade internacional “estão passando por um período de dificuldade, com o ressurgimento de tendências nacionalistas”, dificultando o diálogo entre países e prejudicando os membros mais vulneráveis da sociedade, incluindo os imigrantes, disse o papa.
Nos Estados Unidos, uma paralisação parcial do governo entrou em sua terceira semana, na medida em que o presidente Donald Trump se recusa a ceder em sua exigência por um muro ao longo da fronteira do país com o México.
Em um discurso de uma hora, Francisco mencionou diversas vezes a Liga das Nações, que foi criada após a Primeira Guerra Mundial para promover a paz, mas não foi capaz de impedir os movimentos nacionalistas e populistas que ajudaram a desencadear a Segunda Guerra Mundial.
“O reaparecimento desses impulsos hoje está progressivamente enfraquecendo o sistema multilateral”, disse Francisco a enviados de 183 nações durante o discurso, que se referiu a situação de diversos países.
Francisco voltou a elogiar o Pacto Global sobre Migração da ONU, que estabelece objetivos para administrar a movimentação de imigrantes. Os Estados Unidos, Itália, Hungria e Polônia estão entre os países que boicotaram a reunião realizada em Marrocos no ano passado para firmar o acordo, enquanto o presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai retirar o Brasil do acordo.
O papa condenou novamente o comércio e posse de armas nucleares, lamentando que esforços passados para chegar ao desarmamento nuclear tenham sido substituídos pela “busca por novas e cada vez mais sofisticadas e destrutivas armas”.
Ele pediu um compromisso mais decisivo com o combate ao aquecimento global e uma “reconsideração de nosso relacionamento com nosso planeta”.
Chamando o abuso sexual de crianças de “uma das pragas de nosso tempo”, Francisco disse que uma reunião de importantes bispos no Vaticano em fevereiro terá como objetivo “lançar total luz aos fatos e aliviar as feridas causadas por esses crimes”.
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