Cinco policiais militares foram presos esta semana por sequestrar um traficante e tentar "vendê-lo" a criminosos de uma facção rival por uma chamada de vídeo pelo celular. O homem foi detido pelos agentes numa pousada em Rio das Ostras (RJ), na Região dos Lagos, em 27 de novembro do ano passado, sob a alegação de ser integrante de uma facção que domina parte das favelas da cidade. Em vez de conduzirem o preso até a delegacia, os PMs realizaram uma chamada de vídeo para criminosos rivais e ofereceram a “cabeça” do homem por R$ 20 mil. As informações são do jornal Extra.
Os agentes tiveram a prisão decretada no último dia 27 pela juíza Ana Paula Pena Barros, da Auditoria Militar do Tribunal de Justiça. São eles o sargento Leandro Silva de Abreu e os cabos Rudson Luiz Cabral Peixoto, Thiago Werheyn Ferreira de Azevedo, Eneas Jeferson Ribeiro Albuquerque e Juliano Carneiro de Souza. Todos integravam o Grupamento de Ações Táticas - unidade operacional responsável pelas operações do 32º BPM (Macaé).
A vítima do sequestro foi identificada como Jhonatan de Assis Barros da Silva, conhecido como Mete Bala. Jhonatan já foi condenado em 2018 pelo crime de tráfico de drogas. Hoje, está preso.
De acordo com denúncia do Ministério Público, após algemarem e colocarem Jhonatan na viatura, os PMs fizeram um desvio na rota até a delegacia e levaram o traficante “a um local ermo, onde realizaram uma chamada de vídeo com traficantes de uma facção rival, pleiteando a quantia de R$ 20 mil pela cabeça da vítima”. A quantia não foi aceita pelos criminosos e a negociação, encerrada.
Patrulha tem outras acusações
Após o fim da ligação, os PMs começaram a asfixiar o traficante com um saco plástico e agredi-lo com um cabo de fuzil e um pedaço de madeira, segundo depoimento de Jhonatan à Corregedoria.
Os agentes propuseram liberar o traficante em troca de R$ 10 mil.
Jhonatan foi liberado com a exigência de que entregasse uma pistola aos agentes naquela mesma noite.
Não foi a primeira vez, no entanto, que a patrulha foi acusada de ter agredido um preso. Em agosto do ano passado, três dos PMs presos — os cabos Werheyn, Carneiro e Peixoto — foram acusados de agressão por Claudinei Geraldo da Silva durante audiência de custódia. Também participou dessa ocorrência um PM do batalhão acusado de ligação com o tráfico, o cabo Julio César Xavier da Mota, preso dias depois.
Em 30 de setembro, nova acusação: o preso Sávio da Silva afirmou, em audiência de custódia, que foi vítima de “tapas, chute e sufocamento com saco na cabeça” pelo sargento Leandro e pelos cabos Carneiro, Peixoto e Werheyn. As lesões foram atestadas no exame de corpo de delito. As duas denúncias foram arquivadas.
Utilize o formulário abaixo para comentar.