O suposto envolvimento da mãe e da avó da índia recém-nascida – que foi resgatada por policiais depois de ser enterrada viva pela família dela, em Canarana, a 838 km de Cuiabá – será apurado pela Polícia Civil de Mato Grosso.
A menina, que sobreviveu depois de ficar seis horas enterrada, foi transferida na noite dessa quarta-feira (6) para Cuiabá. A bisavó da bebê, Kutsamin Kamayura, de 57 anos, foi presa e alegou que a criança não chorou e, por isso, acreditou que estivesse morta.
Segundo o delegado Deuel Paixão de Santana, a bisavó – que teve a prisão convertida em preventiva depois de passar por audiência de custódia –, foi encaminhada para a cadeia pública de Nova Xavantina, a 651 km de Cuiabá.
Além da bisavó, avó e a adolescente, o delegado já ouviu funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Casa de Assistência à Saúde Indígena de Cuiabá (Casai). Vizinhos e indígenas também serão ouvidos na delegacia nos próximos dias.
UTI
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a menina foi trazida numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea. Ela chegou às 19h40 desta quarta-feira (6) na capital e foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, onde está internada em uma UTI neonatal.
Antes, a criança estava internada no Hospital de Água Boa, a 736 km de Cuiabá. Segundo a SES, a bebê está com hipotermia grave e distúrbio de coagulação, conforme informou a pediatra de Água Boa, e, por isso, foi necessária a transferência para UTI Neonatal em Cuiabá.
Milagre
Para o major e comandante da Polícia Militar em Canarana, João Paulo Bezerra do Nascimento, o resgate é visto como um milagre por policiais que ajudaram a salvá-la. Segundo o major, a menina foi enterrada em pé, envolvida em um pano. “Ninguém acreditava que essa criança estivesse viva, foi um milagre”, contou o policial.
O comandante, que está há 14 anos na corporação, se emociona ao falar sobre o caso, já que é pai de uma menina de 9 meses.
Parto
A mãe da criança, de 15 anos, sentiu contrações e deu à luz no banheiro da casa. O bebê teria batido a cabeça no chão e não teve reação após o nascimento, segundo a família. A história foi descoberta após uma denúncia anônima feita na Polícia Militar. A mãe da adolescente e a mãe do bebê foram ouvidas na delegacia e liberadas.
Resgate e prisão da bisavó
A Polícia Civil estima que a criança ficou enterrada por seis horas – entre as 14h e 20h de terça-feira em uma cova de 50 centímetros de profundidade. A bisavó, Kutsamin Kamayura, de 57 anos, foi ouvida e alegou que a criança não chorou e, por isso, acreditou que estivesse morta. Seguindo o costume da comunidade indígena, ela enterrou o corpo no quintal, sem comunicar os órgãos oficiais.
A bisavó da índia teve a prisão convertida em preventiva depois de passar por audiência de custódia nesta quarta-feira. Na decisão, o juiz Darwin de Souza Pontes, da 1ª Vara de Canarana, a ordem pública como motivo para determinar a prisão preventiva de Kutsamin. Ela deve responder por tentativa de homicídio.
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