A Câmara dos Deputados aprovou a urgência para a votação de um projeto de lei que endurece as penas contra a falsificação de bebidas alcoólicas e alimentos. A proposta (PL 2307/07) prevê que a adulteração com substâncias que representem risco à vida ou grave ameaça à saúde seja considerada crime hediondo. Com a aprovação da urgência, o texto poderá ser votado diretamente pelo plenário, sem necessidade de análise pelas comissões. O relator designado é o deputado Kiko Celeguim (PT-SP).
A medida ganhou força após os recentes casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas, que provocaram hospitalizações graves, perda de visão e mortes em estados como São Paulo e Pernambuco. Segundo o Ministério da Saúde, já foram registradas 113 notificações em todo o país, incluindo 12 óbitos confirmados ou em investigação.
Atualmente, a pena para falsificação de bebidas é de 4 a 8 anos de prisão. O projeto amplia a punição para 6 a 12 anos de reclusão, além de prever multas severas e possibilidade de fechamento dos estabelecimentos que comercializarem produtos adulterados. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu a mudança. “Temos que punir não só quem comete a adulteração, mas também quem comercializa. É preciso avançar com multas severas e fiscalização mais forte”, afirmou em entrevista à CNN.
Medidas emergenciais do governo
Diante do avanço das intoxicações, o Ministério da Saúde montou uma Sala de Situação Nacional para monitorar os casos e reforçar a resposta em tempo real. A pasta também passou a divulgar atualizações diárias sobre o número de ocorrências, a fim de garantir transparência e agilidade nas ações.
Para reduzir o impacto da crise, o governo adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, antídoto contra a intoxicação por metanol, e está em processo de compra de mais 150 mil. O Brasil também pediu apoio internacional para garantir o fornecimento de outro medicamento, o fomepizol, considerado mais eficaz, mas produzido por poucos países. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) já foi acionada para fornecer lotes emergenciais.
O ministério orientou estados e municípios a notificarem imediatamente todos os casos suspeitos e reforçou o alerta para bares e distribuidores. A recomendação é que a população desconfie de bebidas vendidas a preços muito abaixo do mercado ou em locais de procedência duvidosa.
A expectativa da Câmara é votar o projeto em plenário ainda neste mês. Para os defensores da proposta, a mudança na lei é um passo fundamental para punir de forma mais dura os responsáveis e, ao mesmo tempo, sinalizar que a adulteração de bebidas não pode continuar colocando vidas em risco.
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