Cerro de Pasco, no Peru, é, em sua essência, uma enorme mina a céu aberto - localizada a 4,3 mil metros de altitude. Os níveis de metais pesados no solo e na água são extremamente altos e vem causando sérios problemas de saúde em seus moradores.
“Meu filho tem chumbo, arsênio, cádmio, mercúrio e todo tipo de minerais em seu sangue”, diz Irma Estrella, mãe de Jhan Estrella. “Ele não consegue andar e movimentar o joelho, e seus nervos estão ficando paralisados.” Ela conta que a poeira da mina entra nas casas pela janela e contamina a água, as frutas, recipientes e panelas.
“Então, estamos consumindo isso. Tudo em Pasco é contaminado pela mineração.” Em 2008, o Congresso peruano aprovou uma lei para mudar a cidade inteira de lugar.
Os moradores ainda estão esperando por isso. A filha de Marcos Castañeda, Sherli, de 11 anos, foi diagnosticada com leucemia. “Foi da noite para o dia. Seu nariz passou a sangrar. Pensamos que era por causa de uma gripe ou de uma dor de cabeça”, conta Castañeda. “Fomos na farmácia, compramos umas pastilhas e demos para ela. No dia seguinte, o sangramento voltou e não parou mais.”
O governo do Peru já decretou estado de emergência de saúde pública três vezes em Cerro de Pasco. Mas não concorda que a causa seja a mineração. A empresa peruana Volcan opera a mina da cidade. Desde o ano passado, a gigante anglo-suíça Glencore é dona da maioria de suas ações. Ela diz que a Volcan tem trabalhado com as principais partes interessadas e tomado, há décadas, as medidas necessárias para lidar com as questões ambientais na região.
Os moradores discordam. “Fico revoltada que meu filho esteja tão doente. Ele não é hoje uma criança saudável por causa da mineração”, diz Estrella. “As empresas que atuam em Pasco lucram muito enquanto nós e nossas crianças temos problemas de saúde por causa de intoxicação por chumbo.”
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