O Twitter apagou o perfil de Donald Trump na noite desta sexta (8), dois dias depois de apoiadores do presidente dos Estados Unidos invadirem o Congresso, em ato violento que resultou em 5 mortes.
"Após uma análise cuidadosa dos tuítes recentes do @realDonaldTrump e do contexto em torno deles, suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de mais incitação à violência", disse a empresa.
É a primeira rede social a tomar esta medida. A página de Trump no Twitter tinha quase 89 milhões de seguidores e era o principal meio de comunicação dele com o público.
Desde as eleições de 2016, o republicano vem sendo acusado de divulgar desinformação. Alguns de seus posts foram tirados do ar, outros vinham recebendo selos de alerta de "conteúdo duvidoso" pelas redes.
Os perfis do presidente dos EUA no Facebook e no Instagram estão bloqueados por tempo indeterminado deste a última quinta. As páginas seguem no ar, mas não podem ser atualizadas ao menos até a posse de Joe Biden, marcada para o próximo dia 20.
No blog da companhia, o Twitter detalhou a decisão de banimento (veja ao fim da reportagem), dizendo que perfis de autoridades eleitas e líderes mundiais não podem estar totalmente acima das regras da plataforma e nem usá-la para incitar violência.
Pressão dos usuários
Usuários da rede social vinham pressionando o Twitter a tomar medidas mais drásticas desde a invasão ao Capitólio, na tarde de quarta (6), quando ocorreu a reunião que certificou a vitória de Biden nas eleições.
Durante o ato, incentivado por Trump em discurso prévio para apoiadores, o presidente usou as redes para elogiar o grupo e tornou a questionar a legitimidade das eleições. A rede tirou 3 posts do ar.
Após a manifestação, o perfil de Trump chegou a ser temporariamente bloqueado pelo Twitter. E a empresa ameaçou bani-lo se ele violasse novamente as políticas da plataforma.
'Glorificação da violência'
A conta foi reativada no dia seguinte e foi por meio dela que Trump anunciou, nesta sexta, que não irá à posse de Biden, algo que não acontecia desde 1869. Este foi um dos posts que levaram o Twitter a decidir pelo banimento.
Antes dele, um outro post, também considerado para a decisão, o presidente falou que "75 milhões de grandes patriotas americanos que votaram em mim" terão uma voz gigante no futuro. "Eles não serão desrespeitados e tratados de forma injusta", completou Trump.
O republicano teve 74,2 milhões de votos neste ano, contra 81,2 milhões do rival democrata.
Horas depois, o perfil de Trump saiu do ar. Segundo o Twitter, esses dois posts violaram a política da rede contra "glorificação da violência".
"Diante dos terríveis eventos desta semana, deixamos claro na quarta-feira que violações adicionais das regras do Twitter resultariam nesta ação", disse a empresa.
Para o Twitter, as mensagens desta sexta precisam ser lidas num contexto mais amplo e considerando que as declarações do presidente podem ser usadas por diferentes públicos inclusive para incitar violência.
De acordo com a análise, o anúncio da ausência na posse, por exemplo, vem sendo recebido por apoiadores de Trump como uma confirmação a mais de que a eleição não teria sido legítima, na visão do presidente. E enfraquece a promessa de "transição ordeira" feita por ele na última quinta.
Utilize o formulário abaixo para comentar.