Wilson Witzel (PSC-RJ), governador do Rio de Janeiro, voltou a sofrer ataques de Jair Bolsonaro (PSL) na noite de ontem (31). Nessa sexta-feira (01), Witzel resolveu responder e não pegou leve com o presidente ao afirmar que não possui compromisso de proteger investigados, mesmo que seja um “político” ou “filho de poderoso”.
Bolsonaro insistiu na acusação de que Witzel teria vazado para a TV Globo o depoimento do porteiro do condomínio onde o presidente da República possui uma residência. No mesmo endereço, mora o ex-policial Ronnie Lessa, acusado de ser um dos assassinos da vereadora Marielle Franco (PSL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março do ano passado.
De acordo com o presidente, Witzel o avisou no dia 9 de outubro, antes da divulgação da matéria pela TV Globo, que seu nome fora citado no depoimento. O governador fluminense nega essa versão. "Não vazei nada para a imprensa, não vazei nada para qualquer pessoa e jamais tive acesso aos autos do processo que investiga a morte da vereadora Marielle".
Sem citar nenhum nome diretamente, Witzel insinuou que não dará nenhum tratamento especial ao presidente e ao seus filhos. Flavio Bolsonaro [investigado pelo ‘Caso Queiroz’] e Carlos Bolsonaro [investigado por suspeitas de ‘rachadinha’ em seu gabinete] são alvos do Ministério Público do Rio de Janeiro.
"Eu não tenho bandido de estimação. Seja ele de farda, de distintivo, político ou filho de poderoso. Não tenho compromisso com a bandidagem. Assumi o estado sem qualquer compromisso com traficante ou miliciano. Todos aqueles que se colocarem na reta da Justiça serão presos, serão investigados", garantiu o governador.
Witzel não parou por aí e disse que não vai tolerar nenhuma retaliação do governo federal que prejudique o Rio de Janeiro. Ele disse que não hesitará em denunciar Bolsonaro caso ele ‘atente’ contra o estado fluminense.
"Não vou admitir que nenhum tipo de interferência venha a prejudicar o povo do nosso estado. Qualquer ato atentatório contra nosso estado, eu não hesitarei de tomar as medidas contra quem quer que seja. Se for agente político, não hesitarei em tomar as medidas contra o crime de responsabilidade que venha a ser praticado contra o nosso estado e nosso povo".
Decepcionado com Bolsonaro
Questionado sobre a declaração de Eduardo Bolsonaro sobre um ‘novo Ai-5’, Witzel rechaçou as falas do filho do presidente.
"Qualquer ataque à democracia deve ser duramente reprimido na forma da lei, e eu espero que não mais se repitam essas declarações", disse Witzel.
Eleito se apoiando na onda bolsonarista, Witzel se disse decepcionado com a gestão do presidente. No que pareceu uma alfinetada, ele disse que é preciso “governar para todos, sem ódio, rancor e desequilíbrio”.
"Estou muito preocupado com o que estou assistindo, porque não esperava comportamentos como esse do presidente da República. Pior, comportamento da militância cega que faz acusações levianas, indevidas e sem prova".
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