Circula pelas redes sociais a informação de que a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) tem produzido uma vacina 100% brasileira, em sigilo, com a ajuda de Israel e a supervisão do vice-presidente Hamilton Mourão. É #FAKE.
A mensagem diz que a fundação já produziu 500 mil doses do imunizante nacional e prevê entregar outras 6 milhões por semana com "maquinaria e cinco cientistas vindos de Israel". Ao G1, a fundação afirma que isso não é verdade.
A única vacina contra a Covid-19 produzida na Fiocruz é a desenvolvida pela Universidade Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. A fundação firmou parceria com a farmacêutica para, num primeiro momento, importar doses prontas da vacina e o IFA (ingrediente farmacêutico ativo), que é a matéria-prima da vacina. E, num segundo momento, importar a tecnologia para produção local do IFA.
Portanto, não existe uma vacina 100% brasileira sendo fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz com tecnologia de Israel. A mensagem falsa também diz que o vice-presidente Hamilton Mourão é o único responsável pela liberação de entradas no complexo produtor do tal imunizante. A assessoria do vice-presidente refuta totalmente a afirmação. "Fake news."
Também não há cinco cientistas de Israel trabalhando em segredo nem 40 estagiários que passaram três meses no país do Oriente Médio.
A fundação tem estudado o desenvolvimento de imunizantes próprios por meio de projetos de pesquisa, mas todos estão em "fase ainda pré-clínica". Ela também participa de três ensaios clínicos no Brasil para vacinas contra a Covid-19: um em parceria com o laboratório farmacêutico Janssen, da Johnson & Johnson; outro com o Instituto Butantan; e o terceiro, com o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch, da Austrália. Nenhum deles tem relação com o conteúdo da mensagem falsa.
Produção na Fiocruz
A única vacina produzida na Fiocruz, até o momento, é a de Oxford/AstraZeneca. Em fevereiro, a fundação recebeu os primeiros lotes de matéria-prima para produção da vacina no Brasil. A quantidade de IFA recebida naquele mês é equivalente a 15 milhões de doses, segundo a fundação.
Em 8 de março, a Fiocruz anunciou o início da produção em larga escala com a matéria-prima importada da China. O cronograma da fundação prevê entrega de 3,8 milhões de doses ao Ministério da Saúde até o fim de março. Até o momento, foram entregues pouco mais de 1 milhão.
Depois disso, a previsão é que, com a chegada de novos lotes nas próximas semanas e meses, sejam entregues:
18,8 milhões de doses em abril
21,5 milhões em maio
34,2 milhões em junho
22 milhões em julho
De setembro em diante, a fundação se prepara para produzir 110 milhões de doses integralmente no Brasil, sem matéria-prima importada.
Além das doses produzidas no Brasil, a Fiocruz também recebeu 4 milhões de doses prontas, vindas do Instituto Sérum, na Índia. A fundação tem, ainda, contrato para outras 8 milhões de doses prontas, sem previsão de chegada ao país.
Para operacionalizar a encomenda tecnológica da vacina, feita em setembro do ano passado, o Ministério da Saúde abriu crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para a Fiocruz, por meio da Lei Ordinária nº 14107/2020, publicada em 3 de dezembro do ano passado.
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