A educação foi uma das áreas mais atingidas pela crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 e tenta se reestruturar neste segundo semestre de 2021. O ministro da educação, Milton Ribeiro, esteve no programa ‘Direto ao Ponto’ da segunda-feira (23),a na Rádio Joven Pan, e comentou sobre os desafios da pasta e explicou os cortes em alguns setores. Entre eles, os drásticos cortes financeiros para as universidades públicas. De acordo com o ministro, esse problema não é culpa somente dele. “Eu tenho diálogo com praticamente todos os reitores de universidades federais. Os orçamentos são públicos e eu tento explicar. Gosto de dividir um pouco as responsabilidades. Quem aprova o orçamento do MEC é o Parlamento”, disse. “A única coisa que não tolero é que a universidade se torne um comitê político de esquerda, e nem de direita. Vamos estudar. Essas coisas são úteis e necessárias, mas precisamos tirar das universidades. Isso foi colocado propositalmente como um marxismo cultural”, completou.
Se aprofundando na questão financeira da pasta, Milton Ribeiro destacou a pandemia como empecilho para a evolução financeira. “Estou há 1 ano e 3 meses no ministério. Quando dizem que estou diminuindo os valores, precisamos entender o que estamos vivendo hoje. O governo brasileiro usa os tributos/impostos que recolhe para fazer caixa. Durante a pandemia, os impostos sumiram e o Brasil foi afetado fortemente. Devido esse enxugamento, cortes foram feitos. Agora esses cortes foram devolvidos, o MEC foi o primeiro a liberar R$ 900 milhões”, esclareceu. Porém ele afirmou que essa verba não é suficiente para o atendimento do país. Questionado também sobre o retorno às aulas, o ministro falou que não decide sobre reabrir escolas. “Eu não apito nada, eu só dou as diretrizes para a educação e organizo as remessas de recursos provindos do Fundeb, para que a educação tenha qualidade. A educação básica foi passada para municípios e estados, o governo atua em políticas de larga escala”.
Declarações polêmicas
Recentemente, o ministro falou que alunos com deficiência ‘atrapalham’ os colegas em sala de aula. A declaração não foi bem recebida pelo grande público, e ele tentou se explicar. “Esse mundo que trata dessas questões mais sensíveis é um mundo que tem uma linguagem própria. Embora eu seja ministro da educação, não tenho toda essa expertise. Eu até então pensava que falar de ‘criança especial’ era um eufemismo, que não agredisse. Me desculpei publicamente. Quando falei a palavra ‘atrapalhar’ eu me referi a 12% das crianças de escola pública que tem deficiência e tem um grau de deficiência mental que impede de ter um convívio dentro da sala de aula para que possam aprender”, disse. Ele ainda citou seu projeto de ‘educação inclusiva’ que foi barrado no Congresso.
Nos mesmos dias, Milton também usou outra frase que deu o que falar. Ele citou, em um programa de televisão, que a ‘universidade não é para todos’ e também se explicou. “Foi uma fala durante um argumento meu em que falava da necessidade da mão-de-obra no Brasil de nível profissional. O fato de ter um diploma não é um passaporte para empregabilidade. As pessoas não conseguem. Eu tive coragem de falar isso, mas não quer dizer que eu esteja negando o curso de graduação ao filho do porteiro ou dessa classe. Eu jamais faria isso ou falaria nessa intenção. Eu falei, comparativamente, a necessidade de bons profissionais técnicos. O mercado está carente de pessoas com essa qualificação”, concluiu.
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