Uma iniciativa do Instituto SOS Caatinga registrou imagens de animais silvestres típicos desse bioma em “passeios” diurnos e noturnos em seu ambiente natural. Alguns deles, como o gato-mourisco, correm risco de extinção. Os flagrantes foram capturados pela mesma câmera, instalada em um local estratégico e sigiloso no meio da mata, na zona rural de São José da Tapera, no Sertão de Alagoas.
De acordo com o coordenador do SOS Caatinga, o biólogo Marcos Araújo, a atividade faz parte do monitoramento da fauna local, a fim de identificar as espécies que ainda podem ser encontradas na Caatinga alagoana. “Em especial estamos fazendo o monitoramento das espécies que estão ameaçadas de extinção, que é o caso do gato-mourisco e do macaco prego-galego”, ressaltou.
Entre os flagrantes capturados pela câmera instalada em algum lugar do território de São José da Tapera, o que mais chamou a atenção de Marcos Araújo e de toda a equipe de pesquisadores do Instituto é o que mostra uma fêmea de gato-mourisco com três filhotes (confira no vídeo abaixo da matéria).
“Essa espécie corre o risco de extinção, fica evidente que a área que ela vive deve ser protegida, uma vez que é hábitat natural de muitas espécies de grande importância ecológica. O gato-mourisco é um animal altamente ameaçado. O flagrante que nossa câmera fez da fêmea com três filhotes é um indicativo de que essas espécies estão conseguindo se adaptar e sobreviver ao pouco de área preservada que existe”, pontuou Marcos Araújo, ao mesmo tempo com entusiasmo pelo registro inédito e com receio do que pode acontecer com esses animais em virtude da ação devastadora do ser humano.
Os principais riscos para o gato-mourisco, que é um felino no topo da cadeia alimentar no bioma Caatinga, são oferecidos apenas pelo ser humano: a caça, os atropelamentos nas rodovias e a destruição da mata para plantações e expansão das fazendas.
Além do gato-mourisco, a câmera registrou a passagem de uma raposa, um cassaco (ou timbu), um cangambá, um lagarto teiú (ou tejo) e um gavião pernilongo.
Por isso, segundo Marcos Araújo, as comunidades rurais podem e devem ajudar a preservar esses animais, que não oferecem nenhum risco às pessoas. “Os donos de propriedades rurais devem proibir a caça em suas áreas e ligar para órgãos ambientais assim que avistarem um animal desses”, esclareceu.
Da parte do poder público, conforme o biólogo, é importante criar áreas de preservação ambiental e aumentar o efetivo da fiscalização. Já o Instituto SOS Caatinga, além de pesquisas científicas, tem feito um trabalho de educação ambiental com os moradores locais.
“Vamos nas residências, na zona rural, e falamos da importância de preservar nossas espécies, para assim conscientizar as pessoas. Mas sentimos falta do apoio do poder público no desenvolvimento de ações que trabalhem com as espécies mais ameaçadas, como o gato-mourisco e o macaco prego-galego, que são as espécies que trabalhamos com maior ênfase”, reforçou.
Confira abaixo as imagens feitas pelo Instituto SOS Caatinga.
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