Buscando práticas de inovação tecnológica e ferramentas sustentáveis, o Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater) capacitou agricultores de oito municípios, para desenvolver fogões agroecológicos de baixo custo, que evitam danos à saúde humana e ambiental, além de diminuírem o desmatamento da Caatinga, gerarem renda e evitarem riscos de acidente domésticos.
As cidades contempladas foram Água Branca, Inhapi, Delmiro Gouveia, Pariconha, Piranhas, Mata Grande, Canapi e Santana do Ipanema. A capacitação é dividida em dois dias. No primeiro, acontecem aulas e palestras demonstrando e ensinando sobre essa nova tecnologia. No segundo, a turma é dividida em grupos de 5 pessoas, que vão pôr em prática o que aprenderam para a confecção dos fogões.
O agricultor Silvano Pereira da Graça foi um dos capacitados pela Emater no município. Após fazer um curso técnico em agroecologia, surgiu a ideia de implantar essas tecnologias na propriedade dele. Junto à família, a equipe de extensionistas buscou orientar sobre práticas agroecológicas, o que deu suporte e foi a porta de entrada para a implantação dessas tecnologias.
Silvano deixou de comprar gás de cozinha há mais de dois anos e também não tem usado a queima da lenha, nem do carvão. Por meio do uso do biodigestor, eles passaram a usar o gás para cozinhar e o biofertilizante na lavoura. O esterco que antes era deixado no terreno hoje tem sido reaproveitado na adubação do solo.
Com o tratamento da água cinza, o agricultor vem mantendo uma produção diversificada no seu quintal produtivo, cultivando batata doce, banana, acerola, hortaliças e plantas medicinais.
“Aprendi a reutilizar o que tenho na minha propriedade para melhorar a renda e fazer economia. Antes usava a queima da lenha e do gás de cozinha, o fogão agroecológico é uma tecnologia que vai deixar muitas árvores vivas. Além de produzir o gás de cozinha, ele ainda ajuda com o biofertilizante no desempenho das plantas”, relatou Silvano.
O extensionista da Emater, Isaquiel Dias, explicou que a assistência técnica foi o eixo central para implantar tecnologias junto ao agricultor. “A ideia é que ele preserve o meio ambiente, utilizando os recursos disponíveis na propriedade, no conceito ecossistêmico. Contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do produtor, gerando trabalho e renda para família.”
Por ser assistido pelo Instituto, Silvano conseguiu acessar políticas públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Fomento Semiárido, melhorando a renda e não precisando viajar para trabalhar fora e buscar o sustento da família. “Esse sistema me permite produzir o ano todo. Ainda fui contemplado com uma cisterna para armazenamento de água para produção”.
“Muita gente diz que não produz ao redor de casa porque não tem água. Uma casa com quatro pessoas joga no meio ambiente em torno de 120 a 150 mil litros de água suja por ano. Com o tratamento de água cinza, pude produzir ao redor de casa, reutilizando o líquido para produzir”, afirmou o produtor.
A partir dessa experiência exitosa, outros agricultores compraram a ideia e estão implantando a tecnologia em suas propriedades.
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