A vida dura numa região marcada pelas consequências da seca, da concentração latifundiária, dos precários serviços públicos e do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nunca foi motivo para que o jovem Eraldo Silva da Paz, 25, deixasse de sonhar.
Com a missão de trabalhar para ajudar a família humilde, composta por ele e mais sete irmãos, Eraldo dividia o tempo entre os estudos e o trabalho de vaqueiro numa fazenda, onde seus irmãos mais velhos também já trabalharam, e depois como ajudante de pedreiro.
Seu objetivo, porém, era deixar Monteirópolis, cidade onde cresceu, no Sertão de Alagoas, para ingressar no Exército, algo que ele conseguiu aos 20 anos de idade, em 2011, quando já tinha concluído o Ensino Médio.
Na instituição, onde ele ingressou como recruta ao fazer o alistamento militar, Eraldo, já disciplinado pelo trabalho duro no campo e na construção civil, chegou a ser reconhecido como “melhor aptidão física do ano” e, depois, “praça mais distinta do ano”, reconhecimentos que para ele são motivo de orgulho. “Sempre quis fazer parte do Exército”, afirmou o jovem, que faz parte do 59° Batalhão de Infantaria Motorizado de Maceió.
De recruta, ele passou para soldado. Em seguida, fez um curso para cabo, do qual participaram 60 interessados. Ao final, apenas 48 se formaram, entre eles Eraldo, que ficou na quarta colocação.
Missão no Rio de Janeiro teve troca de tiros com criminosos
Ao longo desses cinco anos no Exército, ele cita entre suas principais missões as seguintes: missão de pacificação no Rio de Janeiro, missão durante a greve da Polícia Militar em Salvador, missão de auxílio ao Ibama no estado do Maranhão e missão na cidade de Ilhéus, no estado da Bahia. De todas elas, a mais tensa, segundo Eraldo, foi durante uma operação no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, quando ocorreu uma troca de tiros com criminosos.
A situação de perigo, porém, não o desanima. Ele contou que está se preparando para, no final deste ano, participar de uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, país da América Central que vive em profunda crise humanitária após um terremoto que o atingiu há seis anos, deixando mais de 300 mil mortos.
“Será minha primeira missão internacional e devo ficar cerca de seis meses lá. Vou sentir muita saudade da família e também da namorada”, comentou Eraldo da Paz, que pelo menos uma vez por mês viaja a Monteirópolis para visitar a família.
Do Exército para a Polícia Militar
Sobre sua carreira no Exército, ele revelou que ela deve acabar em breve, porque ele não ingressou por meio de concurso público, por isso, só pode permanecer por no máximo oito anos. “Eu já fiz o concurso, mas não consegui. Agora, minha idade não permite tentar novamente. Por isso, já decidi que, quando deixar o Exército, vou fazer concurso público para ingressar na Polícia Militar de Alagoas”, destacou.
Por outro lado, ele disse que vale muito a pena servir ao Exército e que os jovens do estado, principalmente do Sertão, deveriam se interessar mais pela carreira militar. “A procura pelo ingresso no Exército ainda é pequena porque o Brasil não é um país muito patriótico”, opinou. “Na instituição, aprendi que não há limites para o homem”, declarou o jovem.
Ainda sobre o trabalho no Exército, cuja principal missão é defender as fronteiras do país contra invasores, ele citou uma frase que é usada internamente na instituição: “O Exército pode passar 100 anos sem ser usado, mas não fica um minuto sem estar preparado”.
Assim, o jovem Eraldo da Paz segue sua carreira: com disciplina e preparado para os desafios que a vida lhe trouxer, sempre tendo como missão defender os interesses nacionais e os cidadãos brasileiros.
Eraldo da Paz posa diante de helicóptero usado pela Presidência da República (Foto - Arquivo Pessoal/Eraldo da Paz) |
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