No caso de Santana, a situação perdura por cerca de 12 anos por conta de um Projeto de Lei (PL) n° 828, de 05 de janeiro de 2011, de autoria da então prefeita Renilde Bulhões, que foi aprovado pela Câmara de Vereadores.

O PL mantido até os dias atuais pelo Legislativo santanense proibindo eleição para Conselheiro Tutelar contraria a orientação nacional do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente, a qual estabelece que em todo o Brasil devem ser realizadas eleições para a escolha dos conselheiros tutelares municipais.

Em Santana os ocupantes das vagas de Conselheiro Tutelar são escolhidos em uma lista com nomes indicados por algumas instituições e associações comunitárias aptas a participarem da seleção, quando cada uma indica dois representantes com direito a dois votos. A nomeação dos representantes e a seleção dos candidatos são também controladas pela administração municipal, visando eleger os cinco representantes da cidade. 

Em março deste ano, após uma denúncia sobre a eleição indireta ao Ministério Público Estadual, o promotor Kleber Valadares entrou com uma ação civil pública com pedido incidental de inconstitucionalidade pelo controle difuso, buscando a realização de eleições diretas, baseadas no voto popular, para o Conselho Tutelar no município. Porém, em meio a ação, o promotor foi transferido para Rio Largo, cabendo à promotora Viviane Karla dar continuidade a ação e encaminhar ao juiz titular da 1ª Vara, Kleber Borba Rocha, o qual em sua decisão determinou que a prefeita Christiane Bulhões (MDB), filha da ex-prefeita autora da Lei (Renilde Bilhões), elaborasse uma nova lei dentro do prazo de 10 dias, objetivando a eleição para os conselheiros tutelares, em conformidade com a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Porém, para surpresa de muitos, Cristiane Bulhões, irmã do deputado federal Isnaldo Bulhões, líder do MDB na Câmara Federal, recorreu da decisão do magistrado junto ao Tribunal de Justiça de Alagoas. Em uma decisão monocrática, o desembargador Paulo Zacarias atendeu ao pedido da prefeita, impedindo os santanenses de votarem em seus conselheiros neste domingo (1º), como acontece na maioria dos Estados.

A decisão do desembargador do TJ impedindo a eleição direta para Conselheiro Tutelar em Santana do Ipanema foi comunicada ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que nas últimas semanas tentou junto ao TJ de Alagoas a votação da decisão do desembargador Paulo Zacarias, mas todas as tentativas foram frustradas.