Cerca de 150 motoristas do transporte escolar de Mata Grande cobram da prefeitura o pagamento de três meses de remuneração atrasado referente ao ano passado, quando o prefeito era Jacob Brandão (PP). Eles alegam que o atual gestor se comprometeu em pagar o débito durante a campanha eleitoral em que se elegeu, mas que agora se nega.
A reportagem do Correio Notícia ouviu um desses motoristas, que, pelo fato de continuar prestando serviço para o município e temer represália, preferiu não ter o nome divulgado. Ele relatou que está sem receber o pagamento referente aos meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado.
“Cobramos do prefeito da época, mas o candidato dele, Erivaldo Mandú, que era o vice-prefeito, hoje atual gestor, garantiu que se ganhasse a eleição pagaria nossos atrasados, no entanto, agora que ganhou, Mandú disse que não vai pagar porque se trata de uma dívida da gestão anterior”, relatou o motorista.
Ele explicou que, a depender da distância da linha percorrida pela caminhonete dele, recebia mensalmente R$ 1.300,00, e que, com isso, tem para receber cerca de R$ 4.000,00 referentes aos três meses atrasados. “Ao todo, somos cerca de 150 contratados com essa mesma média de valor para receber, o que totaliza um valor aproximado de R$ 600.000,00”, explicou.
O motorista relatou ainda que ele e os demais eram contratados pela empresa E P Transportes e Serviços Ltda. - EPP, que, de acordo com o que apurou, seria de propriedade de pessoas ligadas ao ex-prefeito Jacob Brandão, ou seja, o então gestor teria contratado uma empresa que seria de amigos dele para prestar serviço para a prefeitura.
Em março deste ano, a referida empresa, que tem sede em Paulo Jacinto (AL) e está no nome de Eusébio Vieira de Franca Neto e Petrúcio José da Silva Filho, teve o contrato prorrogado pelo município até março de 2018. O valor global do contrato é de R$ 12.791.550,00 por ano e vem sendo pago mensalmente conforme a prestação dos serviços contratados. A informação foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 24 de março.
Os motoristas também cobram do prefeito Erivaldo Mandú (PP) valores devidos já pela atual gestão. Eles alegam que deveriam receber pelos meses de janeiro e fevereiro deste ano, período em que os alunos estavam em férias. “É um direito nosso. Estamos pensando em denunciar o caso ao Ministério Público, mas temos medo de perder o trabalho. Somos todos pais de família e precisamos desse dinheiro”, concluiu o trabalhador ouvido pelo Correio Notícia.
A prefeitura de Mata Grande, por meio de sua Assessoria de Comunicação, informou à reportagem que em 2017 não existe nenhum débito com os motoristas, explicando que nos meses de janeiro e fevereiro ninguém trabalhou, devido o recesso escolar. “Portanto, não existe pagamentos para esses meses. O mês de maio, que ainda vai se vencer, está sendo providenciado o pagamento”, finalizou a assessoria, sem responder sobre o débito apontado pelos motoristas referente a 2016.
Por outro lado, sobre a referida fata de pagamento, o ex-prefeito Jacob Brandão afirmou que desconhece. “Não tenho conhecimento de nenhum atraso, mas recomendo que essas pessoas procurem a prefeitura porque pode se tratar de algum caso isolado. O ideal seria eles protocolarem um ofício na prefeitura para que essa situação seja averiguada e então esclarecida”, explicou.
Brandão negou qualquer ligação com os proprietários da empresa E P Transportes e Serviços. “De forma alguma, não tenho nenhuma ligação com o proprietário da empresa. Nosso relacionamento era simplesmente administrativo. Tive pouquíssimos contatos com ele porque quem tinha mais contato eram os secretários”, finalizou.
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