Vindo dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, doações chegam até a periferia de Maceió e na cidade de Santana do Ipanema
Trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra organizados nos acampamentos e assentamentos do MST em Alagoas realizam na manhã de hoje (17), um verdadeiro mutirão de solidariedade no estado. Ao todo 12 toneladas de alimentos vindos das áreas de Reforma Agrária serão doados no bairro da Levada e Vila Brejal, bairros da periferia de Maceió na Zona Sul da Cidade e no Sertão de Alagoas, na cidade de Santana do Ipanema.
As ações de solidariedade acontecem em todo o Brasil pela passagem do dia 17 de abril, dia Internacional de Luta Camponesa, onde completam-se 24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás.
As doações em Maceió e em Santana do Ipanema são realizadas pelas mãos dos próprios trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra, seguindo as orientações de cuidado e prevenção ao Covid-19.
“Em Maceió, vamos dialogar diretamente com parcela da população que tem sofrido com os desdobramentos da crise que estamos vivendo em nossa sociedade que foram agravados pela pandemia do Coronavírus”, explicou Débora Nunes, da coordenação nacional do MST.
De acordo com Débora, as doações devem atender mais de 400 famílias na periferia de Maceió com os frutos da luta pela terra, “queremos prestar solidariedade às famílias que nesse momento enfrentam uma série de dificuldades na cidade, mas também apontar para o conjunto da sociedade a importância da Reforma Agrária na produção de alimentos para abastecer o campo e a cidade com alimentação saudável. Essa é a nossa tarefa nesse momento”, destacou Nunes.
Já em Santana do Ipanema, no Sertão Alagoano, as doações serão direcionadas as famílias atingidas pela enchente que sofreu a região nas últimas semanas. Desde o início da tragédia com as chuvas na cidade sertaneja, já são centenas de famílias que perderam suas casas no município.
José Neto, da direção nacional do MST em Alagoas, reforçou o papel da ação de solidariedade no Sertão do estado. “É fundamental termos nesse momento a certeza de que precisamos partilhar o alimento, mas também partilhar sonhos. São diversas famílias sem a assistência devida do Estado, seja frente à tragédia em Santana do Ipanema ou os agravamentos da pandemia do Coronavírus. Nossa ação não é para substituir o papel do Estado, mas poder mostrar que a solidariedade e o zelo pela vida do povo brasileiro devem ser nossos princípios nesse período”.
24 anos do Massacre
Conhecido internacionalmente, o Massacre de Eldorado dos Carajás marca o dia internacional de luta camponesa, no dia 17 de abril, onde em todo mundo ocorrem lutas em defesa da Reforma Agrária. Durante o Massacre, 21 militantes do MST foram assassinados pela Brigada Militar no estado do Pará há 24 anos atrás e, até hoje, o caso é lembrado pelos Sem Terra durante as Jornadas de Luta no mês de abril.
O coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira, que comandaram o massacre, foram presos apenas 16 anos após o massacre, em maio de 2012. Os 155 policiais militares executores diretos do massacre foram absolvidos. O então governador do estado do Pará, Almir Gabriel (que morreu em fevereiro de 2013) e o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, não foram indiciados.
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