Em meio a ascensão do novo coronavírus no Brasil e com o país à beira de se tornar o novo epicentro mundial da doença, apertos de mão, abraços, beijos e toda outra forma de cumprimento por meio de contato físico parecem lembranças de um passado longínquo, mas faz apenas dois meses.
A vida pós-pandemia não será a mesma, até porque o nosso comportamento já mudou. “Estamos vivendo um momento muito novo para todos. Fomos forçados coletivamente a mudanças duras naquilo que é mais caro para nós enquanto seres humanos; a nossa vida social”, é o que explica o sociólogo Adalberon Sá Júnior.
Segundo ele, os impactos são inúmeros e vão dos hábitos de higiene, da educação das crianças e jovens, das relações com o consumo, familiares, espaços públicos da cidade e com o meio ambiente, até coisas como lazer.
Formado em ciências sociais pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Adalberon analisou esse período de transição com base nas alterações que já fomos forçados a fazer e nas experiências de países que já vivem o relaxamento do isolamento social.
“Um exemplo é você se imaginar num ônibus, metrô ou mesmo avião. É bem difícil diante de tudo que estamos passando, do medo global que se instalou e que vai nos guiar. Até mesmo se sentar ao lado de alguém que não conhecemos, ou se aproximar de outra pessoa certamente será afetado. A desconfiança de que esse alguém possa representar uma ameaça é muito grande”, argumentou.
Mas, de acordo com o sociólogo, nem todas as mudanças serão ruins. A aceleração da praticidade da vida humana e a potencialização do uso da tecnologia, seja na comunicação ou até mesmo consultas médicas, foram situações citadas por ele como evidências que podemos fazer muitas coisas sem sair de casa.
“Isso afetará questões como trânsito e os impactos ambientais. Além de uma solidariedade que redescobrimos de forma positiva. Porém, ainda é muito cedo para afirmar se vamos ter uma diminuição do individualismo nas pessoas, mas certamente deixará marcas”.
Adalberon avaliou que o retorno à “nova vida” exigirá um esforço para voltar a confiar na convivência em sociedade, uma vez que isso passou a ser um risco durante a pandemia. “Para muitos essa volta será dolorida e marcada pela perda. Para todos, será urgente aprender a lidar com as emoções para enfrentar o que passou e o que ainda virá”.
Ele ainda ressaltou que a superação desse momento envolve questões que extrapolam vencer o agente biológico, e exige uma adaptação para a vida em sociedade.
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