O período de seca que chegou mais cedo em 2024 continua causando graves impactos em Alagoas, especialmente no Alto Sertão, onde as temperaturas estão acima da média e a umidade do ar segue baixa. Segundo o Centro de Estudos e Pesquisas em Defesa Civil, o estado enfrenta um desnível negativo de chuvas, com previsão de agravamento da seca nos próximos meses. Em resposta à situação, a Defesa Civil Estadual está se reunindo com as Defesas Civis Municipais para planejar ações emergenciais.
Os prefeitos das cidades mais afetadas também demonstram grande preocupação diante da crise hídrica, sendo pressionados a implementar medidas para aliviar os efeitos da seca. Entre as principais ações estão o envio de caminhões-pipa para regiões rurais distantes dos centros urbanos, com o objetivo de garantir o abastecimento de água tanto para o consumo humano quanto para os animais.
Nesta segunda-feira (14), a Defesa Civil Nacional reconheceu a situação de emergência nos municípios de Belo Monte e Olho D’água das Flores, afetados pela estiagem. Com esse reconhecimento, as cidades estão aptas a solicitar recursos do Governo Federal para ações de defesa civil. Segundo Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, os recursos podem ser usados para assistência humanitária, como fornecimento de kits de higiene e alimentos, restabelecimento de serviços essenciais como abastecimento de água e desobstrução de vias públicas, além da reconstrução de infraestruturas danificadas pela seca.
O reconhecimento federal da situação de emergência é uma medida fundamental para garantir o atendimento às populações afetadas. Até o momento, Alagoas conta com 29 reconhecimentos federais de emergência, sendo 26 por estiagem, um por erosão costeira, um por seca e um por chuvas intensas. Atualmente, 30 dos 102 municípios do estado estão em situação de emergência por conta da prolongada estiagem, incluindo Senador Rui Palmeira, Água Branca, Delmiro Gouveia, Santana do Ipanema e Poço das Trincheiras, entre outros.
O Sertão nordestino é uma das regiões mais áridas do país, com as menores incidências de chuva em nível nacional. Esse fenômeno se deve principalmente à combinação da massa de ar seco e quente, aliada ao relevo, que muitas vezes impede a ação de massas de ar úmidas na região, dificultando a formação de chuvas. Além disso, as secas prolongadas, comuns no Sertão, são frequentemente associadas ao fenômeno El Niño, causado pela elevação da temperatura das águas do Oceano Pacífico. Em anos de El Niño, a seca se intensifica, agravando ainda mais os problemas na região.
As consequências da longa estiagem para o Sertão nordestino são devastadoras, especialmente para os agricultores. A falta de chuvas provoca a perda de plantações e animais, afetando a produtividade e, consequentemente, causando fome e prejuízos financeiros. A situação atual em Alagoas reflete esse cenário de dificuldades, com o agravamento da seca impactando diretamente a vida da população local.
Paulo Américo, diretor de Proteção da Defesa Civil de Santana do Ipanema, relatou que o município enfrenta temperaturas elevadas desde o início da semana, resultando em um aumento nos pedidos de água pela população da zona rural. "Tivemos que enviar caminhões-pipa adicionais para suprir a demanda devido às altas temperaturas. O Rio Ipanema, que corta várias cidades da região, está praticamente seco em alguns trechos", afirmou.
O meteorologista Vinícius Pinho, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), destacou que o período chuvoso terminou antes do previsto, agravando a seca. "O tempo ficou mais seco, a umidade diminuiu, e as temperaturas estão acima do normal. Estamos vivenciando condições climáticas mais típicas do verão", explicou Pinho, em entrevista ao Portal Gazetaweb. Ele alertou ainda que a situação deve piorar, especialmente no Sertão, onde a umidade relativa do ar está em níveis críticos.
A Defesa Civil de Alagoas ressaltou que, nos últimos anos, o Governo do Estado lançou o Programa Mais Água, responsável pela perfuração de mais de 800 poços em todo o território estadual, beneficiando cerca de 120 mil famílias. Além disso, os municípios em situação de emergência podem contar com a Operação Carro-Pipa, coordenada pelo Exército Brasileiro, que garante a distribuição de água potável nas áreas mais afetadas.
Com a seca se agravando, o reconhecimento da situação de emergência é essencial para a continuidade das ações de apoio às populações atingidas, como o abastecimento de água e a reconstrução de infraestruturas danificadas.
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