Quase sete meses já se passaram desde que as medidas de isolamento social por conta da pandemia pelo novo coronavírus foram adotadas no Estado. Desde então, famílias alagoanas, como outras no mundo inteiro, adaptaram suas rotinas; confinadas em casa, passaram a lidar com as incertezas de uma nova realidade que se impunha a todos.
Mais recentemente, com a implantação de protocolos de segurança que permitem o retorno gradual das atividades, as pessoas passaram a enfrentar outro momento de angústia: é preciso voltar ao convívio social e reaprender rotinas que garantam a segurança de todos.
Se para os adultos essa reinvenção da vida não tem sido uma tarefa fácil, para crianças e adolescentes o retorno às atividades sociais pode ser ainda mais difícil. Enquanto as autoridades discutem quando a volta às aulas presenciais será possível, papais e mamães precisam conversar com franqueza e honestidade com seus filhos.
A psicóloga e professora do Centro Universitário Tiradentes (UNIT/AL), Luciana Andrade, explica que a ansiedade aparece de forma acentuada em algumas crianças quando elas não entendem o que está acontecendo à sua volta.
“Conversar com a criança é fundamental; respeitando a idade do desenvolvimento dela, mas deixando claro o porquê das coisas: porque foi preciso ficar em casa por tanto tempo, porque deixamos de ir ao parquinho, de ver os amigos ou mesmo de ir à escola, as perguntas precisam ser respondidas”. Segundo a psicóloga, esconder, não ouvir e não esclarecer as dúvidas das crianças só aumentam a expectativa e a ansiedade, já que elas não vão saber lidar com o que não conhecem ou não sabem o que é.
Mudanças na escola
Vencida a etapa de cuidados com as crianças durante o isolamento social, é hora de começar a prepará-las para retornar às atividades sociais. A realidade anuncia uma nova rotina também nas escolas, sem abraço no coleguinha, beijo na tia, nem troca de lanche. O contato físico entre as crianças, seja para ouvir histórias ou brincar de roda, ainda é uma realidade distante, diferente da máscara cuja presença é fundamental.
Esses fatores, segundo Luciana Andrade, alertam que ainda é muito cedo para retomar as atividades presenciais nas escolas. “As medidas sanitárias nos alertam que agora não é a hora para reabrir. É claro que a escola é o espaço onde as crianças encontram os amigos e mantêm um vínculo social bacana. Com a pandemia, elas perderam parte disso. Mas as escolas têm feito um esforço enorme para manter os vínculos”, alerta.
Lidar com as novidades impostas pela pandemia está exigindo muito das crianças. Segundo a psicóloga, crianças pequenas, por exemplo, estão demonstrando medo de pessoas, porque entenderam que elas podem transmitir o vírus. Ela indica que famílias criem mini-circuitos entre elas mesmas que lhes tragam segurança e minimizem o sofrimento dos pequenos.
"É necessário mostrar às crianças que o ser humano é o alvo do vírus, mas que ele não é perigoso. É hora de estreitar os laços, tirar os problemas que estavam escondidos embaixo do tapete e parar de superprotegê-las. Sabemos que a criança, por meio do lúdico, ganha um poder de resiliência que os adultos deixaram de dar importância. Que possamos escutá-las mais e dar vazão à sua criatividade”, aconselha a psicóloga.
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