E vem do Sertão alagoano a penúltima reportagem da série especial sobre as escolas históricas da rede estadual, desta vez destacando o compromisso, a disciplina e a civilidade primada pelos santanenses na construção de três importantes unidades educacionais: Padre Francisco, Ormindo Barros e Mileno Ferreira, que, juntas, foram a base da educação daquele município e região.
O marco da educação da rede pública estadual na cidade começa em 1938, com a Escola Estadual Padre Francisco. Pequenina, mas cheia de encantos, a unidade, localizada em umas das principais avenidas de Santana do Ipanema, é considerada de suma importância para os moradores do bairro Monumento e circunvizinhos, segundo a gestora Ana Maria Damaceno Lucas, onde trabalha há 23 anos.
"Esta escola é nosso tesouro, tenho imenso carinho por ela, por ter sido a primeira da rede estadual na região, por sua localização, atendendo todos os bairros aqui próximos. Por aqui passaram ilustres alagoanos, como o desembargador Dr. José Carlos Malta Marques, um dos grandes defensores da permanência dela, além de membros das famílias Bulhões, Silva e muitas outros. Faço parte da história dela e ela faz parte da minha”, garante a gestora.
A qualidade e civismo da Ormindo
Anos após, em 1954, no bairro da Camoxinga, surgia a Escola Estadual Ormindo Barros, a segunda da rede, reconhecida pela dedicação de seus professores e qualidade na formação dada aos seus estudantes.
As ex-professoras Maria de Lourdes Agra e Maria Bernadete Nobre Silva relembram os grandes feitos da Ormindo Barros, como o incentivo à cultura entre inúmeros desfiles cívicos, a bandinha da escola, a primeira da cidade, o time de futebol, entre outros.
“Esta escola se destacou porque nós tínhamos um corpo docente muito bom e preparávamos as crianças com muito cuidado. Quando iam prestar o exame de admissão no antigo [Colégio Estadual Professor] Deraldo Campos, elas se destacavam. O professor Mileno, diretor na época, reconhecia a qualidade dos nossos alunos”, declara Maria de Lourdes, ao lado de Bernadete, mostrando seus feitos enquanto diretora às atuais gestoras da unidade, Maria das Graças Clemente e Erivânia Gomes.
“Foi muito bom trabalhar aqui, onde sempre fui muito respeitada, pela direção e pelos pais e alunos. Mesmo aposentada, voltei para ajudar na escola a pedido da diretora”, relembra Bernadete, que tem uma filha como professora na unidade.
O ex-aluno e hoje importante médico da região, o pediatra José Avelar Alécio reconhece a qualidade da formação recebida na Ormindo Barros. “Havia um corpo docente que abraçava a causa. Quando terminamos o primário não levamos nenhuma deficiência, pois tínhamos uma base muito boa. Naquele tempo tínhamos aquela metodologia de formar as filas, cantar o hino nacional e a gente tinha muito orgulho destas festividades. Este civismo, comportamento, respeito são referências e valores importantes, úteis para o restante da minha formação, desde o ensino médio à Medicina. Fico feliz por saber que a escola evoluiu, estruturalmente está muito boa com a reforma, e a gente só tem orgulho e satisfação em ter feito parte e vê-la desta forma”, garante José Avelar.
Celeiro do Pedagógico Sertanejo
Apontada como celeiro de docentes para a região, com a oferta de curso pedagógico em toda região, a Escola Estadual Professor Mileno Ferreira, antigo Colégio Professor Deraldo Campos, também é motivo de orgulho para os santanenses. Recentemente ganhou hino próprio, de autoria do ex-aluno e hoje gestor adjunto da escola, Fábio Soares Campos.
“O hino foi feito em 2015, a partir do projeto de resgate dos valores e valorização da cultura santanense e fala da origem da escola, surgida em 1964, após ser construída por militares para atender aos 'pracinhas' na época da 2ª Guerra Mundial. A escola sempre primou pela qualidade e ordem, características herdadas do seu primeiro diretor, o ex-militar Mileno Ferreira, que anos mais tarde foi homenageado com o nome da escola, após dirigir a unidade por mais de 30 anos. Ele tinha a rigidez militar no sangue e trouxe isto para a disciplina da escola”, declara Campos, garantindo que a escola mantém as mesmas características.
A professora Gilvanda Alves Ramalho, aluno na época do professor Mileno, relembra com orgulho o tempo em que sentava nas carteiras escolares para obter conhecimento. "Tinha orgulho de estudar lá, por ser uma escola muito conceituada. Tivemos excelentes professores, comprometidos e ainda destaques na sociedade santanense”, relata.
A gerente da 6ª Gerência Regional de Educação (Gere), Lucines Luiz, afirma que sempre sonhou em ser professora e, por meio do ensino da unidade, conseguiu alcançar o seu objetivo.
“Tinha o sonho de ser professora e saía do Poço (das Trincheiras) para estudar lá. A gente se realizava e tinha a certeza de que iria seguir esta carreira, porque o ensino era muito bom e nós saíamos de lá preparados para a profissão. A escola formou quase 100% de professores, a nível médio, daqui de Santana e região”.
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