Os números relacionados à transmissão da Covid-19 avançam em Alagoas e começam a preocupar autoridades médicas e governamentais. Além dos números de casos confirmados, a velocidade de preenchimento dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) observada ao longo da última semana também ligou o sinal de alerta.
Em apenas sete dias, a taxa de ocupação dobrou em todo o estado. No dia 20 de abril o índice era de 17%. De acordo com o último boletim expedido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), na tarde desta segunda-feira (27), o percentual tinha aumentado para 35%. Em números absolutos, antes eram 19 leitos ocupados, agora já são 44.
O secretario de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, considera o crescimento um dado alarmante. “É muito preocupante. O avanço exponencial da transmissão do vírus tem sido causado pelo descumprimento do isolamento. A população tem se isolado cada vez menos. Alguns estão com a falsa sensação de imunização. Isso tem ocasionado o aumento da procura por atendimentos”, aponta.
Alagoas conta atualmente com um total de 376 leitos destinados a pacientes diagnosticados com Covid-19 (há até uma semana era 329), sendo 219 leitos clínicos, 126 de UTI e 31 intermediários. A variação da taxa total de ocupação no mesmo período é um pouco menor, mas igualmente espantosa: de 16% para 30%. A evolução da ocupação do número de leitos na rede pública é atualizada diariamente e pode ser acompanhada pelo site www.alagoascontraocoronavirus.com.br.
Como cada paciente que ingressa na UTI fica em média três semanas internado, o receio é que, muito em breve, não haja como acolher os casos graves que precisam de atendimento. “Se todos ficarem doentes ao mesmo tempo nós não teremos leitos de UTI suficientes para toda a população alagoana”, adverte o secretário de Saúde, adverte. “Por isso a importância de permanecermos isolado, evitando aglomerações porque o momento mais duro da pandemia em Alagoas ainda está por vir”, avalia Alexandre Ayres.
Rede privada
O aumento de internações de pacientes em estado grave também afeta hospitais da rede privada e atesta o aumento na curva de transmissão em Alagoas. O pneumologista Artur Gomes, diretor médico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, publicou na última semana um áudio em que alerta sobre o risco de superlotação da unidade.
“A situação piora cada vez mais. A gente está com um volume de pacientes chegando à emergência muito grande. Em cinco dias, a gente deve estar com a capacidade total instalada do hospital preenchida com pacientes com Covid. É um momento muito grave para quem mora em Maceió e em Alagoas”, relatou o médico.
Dos 70 leitos destinados pela Santa Casa para atender os casos de Covid-19, 46 já estavam ocupados até a última sexta-feira – 29 leitos a mais do que nos cinco dias anteriores.
No sábado , o atendimento chegou a 66 pacientes suspeitos de infecção. O número diminui no domingo para 43 ocorrências, mas o especialista não está certo se é uma tendência ou mera coincidência. “O mais preocupante são os leitos de UTI, onde estão os casos mais graves. Até hoje estamos com a capacidade em torno de 50%”, esclareceu o médico, em entrevista na manhã desta segunda-feira.
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