A vazão mínima do Rio São Francisco nas represas de Sobradinho, na Bahia, e Xingó, entre Alagoas e Sergipe, será mantida em apenas 800 metros cúbicos por segundo até o dia 30 de setembro. A autorização para essa medida foi publicada pela Agência Nacional de Águas (ANA) no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (29), por meio da resolução número 642.
A manutenção da água nas represas visa garantir a produção de energia elétrica. Por outro lado, com a vazão abaixo de 1.300 metros cúbicos por segundo, como já vem sendo praticado desde 2015 devido à pouca quantidade de chuvas, a captação de água para o abastecimento das cidades que ficam após as represas está comprometida.
Somente em Alagoas, são mais de 40 municípios que dependem da água retirada do Rio São Francisco. Um dos mais prejudicados pelas constantes reduções de vazão nas represas é Piaçabuçu, o último antes da foz.
Nele, a população tem sofrido com a dificuldade enfrentada pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) em captar água doce do rio. Isso porque, com a redução de vazão, a cunha salina avança sobre o São Francisco, tornando a água salgada e, portanto, imprópria para consumo em algumas horas do dia.
Além do abastecimento, a navegação também tem sido prejudicada em vários trechos do rio, inclusive em Pão de Açúcar, onde, nesta quarta-feira (29), diversas embarcações percorreram o Velho Chico carregando a imagem de São Pedro, numa tradição local para homenagear o santo protetor dos pescadores.
Outra consequência da redução de vazão do rio tem sido o aparecimento de espécies típicas do mar, como tubarões, que já foram capturados nas águas do Velho Chico em Piaçabuçu.
De acordo com a resolução da ANA publicada nesta quarta-feira (29), a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) deverá se articular com a Marinha do Brasil de forma a garantir a segurança da navegação e salvaguarda da vida humana, conforme a Lei n° 9.537, de 11 de dezembro de 1997.
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