Dizem que Sebastião Biano, nascido em Mata Grande em 23 de junho de 1919, tocava pífano a mando do pai numa fazenda, quando um bando de cangaceiros invadiu a propriedade.
À frente estava Lampião, o homem mais temido do sertão nordestino. Biano, com 8 anos de idade, integrava a Banda de Pífanos de Caruaru. Ficou apavorado. Lampião olhou e avisou: estava ali para tratar de um assunto com o padre, quitar uma dívida com Nossa Senhora da Saúde. Viu o grupo parado. Ordenou que tocassem.
Sebastião disse ao Diário de Pernambuco, em 2015, como reagiu à ordem do rei do cangaço. “Minha língua estava grudada na boca, eu mal conseguia soprar”, recorda Biano. Quando o pife finalmente soou, Lampião mandou buscar dois cangaceiros do bando – os responsáveis pela música durante as viagens – e bradou: “Esses dois pivetes tocam melhor que vocês, seus dois cavalões velhos!”.
“Batizado” por Lampião, Biano só gravou seu primeiro CD aos 96 anos. É o último representante vivo da formação original daquela banda de pífanos de Caruaru que tocou para Lampião. Hoje, aos 99 anos, está em plena atividade, bastante homenageado no Sudeste brasileiro, referenciado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, Sebastião Biano fala de sua história no programa Ensaio.
*Texto publicado originalmente no site Repórter Nordeste, em 31/08/2018
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