A última vez que Lampião, o “Rei do Cangaço”, puxou o gatilho completa 80 anos neste sábado (28). Isso porque ele morreu em combate com a polícia alagoana, numa emboscada na qual ele e parte de seu bando foram mortos, no município de Poço Redondo, em Sergipe. O ano era 1938 e Virgulino Ferreira da Silva, nome que carregava no documento de batismo, tinha 40 anos e 21 dias de idade quando foi abatido.
Antes desse episódio, Lampião ficou cerca de 20 anos vivendo de forma clandestina, à margem da lei. Ele ganhou notoriedade pela forma como administrou o bando, que foi dividido em subgrupos, e também pelas atrocidades que cometia: os castigos, as invasões a cidades e vilarejos, as cartas ameaçadoras enviadas a autoridades, entre outros aspectos.
Nascido na cidade de Serra Talhada (PE), na provável data de 7 de julho de 1898, Lampião trabalhou até os 20 anos de idade como artesão. Ao contrário de muitos jovens de sua época, ele era alfabetizado. Foi, portanto, um dos poucos cangaceiros que sabiam ler e escrever. Outra curiosidade é que ele apresentava problema de visão e, por isso, usava óculos para leitura.
Contam os historiadores que Lampião entrou no cangaço para vingar a morte de seu pai. No início, ele participou de um bando já existente. Depois, criou seu próprio bando. Suas andanças pelos estados do Nordeste levaram medo à população das pequenas cidades, vilas e povoados. Na época, os governos desses estados divulgaram cartazes oferecendo uma recompensa pela captura de Lampião.
Outra lembrança do povo sertanejo sobre o Rei do Cangaço é sua devoção e respeito ao Padre Cícero. Por essa razão, segundo contam os historiadores, o cangaceiro não atacava nenhuma cidade cearense. Lampião só esteve pessoalmente com o Padre uma vez, quando foi a Juazeiro do Norte, no Ceará, a convite do religioso.
Por outro lado, Lampião e seu bando estão entre os responsáveis pela difusão de uma dança popular brasileira conhecida como “xaxado”, oriunda do Sertão de Pernambuco. O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e entretenimento pelos cangaceiros, na qual eles usavam roupas em tons marrons e cáqui, de couro para que se protegessem dos espinhos da caatinga do Sertão e sempre acompanhadas do rifle e da alpercata do mesmo material.
A morte de Lampião, Maria Bonita e parte de seu bando ocorreu pelas mãos de volantes de Alagoas, a Polícia Militar da época, mas em território sergipano. O grupo foi pego de surpresa na madrugada do dia 28 de julho. Ao final do combate, no meio da caatinga, eles foram decapitados e as cabeças ficaram expostas, inicialmente, na outra margem do Rio São Francisco, na cidade de Piranhas (AL).
A vida e a morte de Lampião e seu bando já renderam centenas de publicações, entre livros, filmes, artigos e teses. Em algumas, ele é descrito como bandido, em outras, como mocinho.
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