Apesar do genocídio e da imposição cultural sofridos pelas diversas etnias indígenas que habitavam o território brasileiro antes do período colonial, em muitos lugares do Brasil, principalmente naqueles mais afastados das cidades que se tornaram os grandes centros urbanos e, por isso mesmo, de difícil acesso, permanecem vivos traços culturais que transcenderam o tempo e a opressão. É o caso da aldeia indígena Geripankó, zona rural de Pariconha, no Sertão de Alagoas.
É lá onde vive seu Luiz Antônio de Araújo, 65, pajé da comunidade. Mais experiente, cabe a ele repassar aos mais novos a história, os costumes e o conhecimento que recebeu de seus pais e avós, também indígenas que viveram no mesmo local.
Como ocorre em praticamente todas as comunidades indígenas do país, em Geripankó também prevalece o multiculturalismo, ou seja, os indígenas possuem traços culturais herdados de seus antepassados e dos costumes ocidentais.
Se, por um lado, eles praticam o catolicismo (herança do português colonizador), conforme citou à reportagem do Correio Notícia o pajé Luiz Antônio, por outro, eles ainda recorrem a ervas medicinais para curar alguns males do corpo e da alma (herança dos antepassados indígenas).
“Mas, quando a gente vê que é algo que realmente precisa dos médicos, a gente orienta sim pra que procurem o posto de saúde”, disse o pajé, que acumula a função de “curandeiro” da aldeia, formada por casas de alvenaria, com acesso a rede elétrica, água e internet.
Um dos ensinamentos de Luiz Antônio às crianças de Geripankó é o “toré”, uma dança típica na qual os passos da coreografia seguem o ritmo de palavras que não fazem parte do vocabulário português. O pajé fala e as crianças repetem.
Foi assim quando eles apresentaram-se ao governador de Alagoas, Renan Filho, e a outros políticos, no dia 24 de novembro deste ano, durante a inauguração da reforma de uma escola na comunidade Ouricuri, em Pariconha.
Na breve conversa que teve com a reportagem do Correio Notícia, nesse mesmo dia, o pajé disse ainda que sempre morou na aldeia, que vive como agricultor, igual fizeram seus pais e avós, e que não pensa em deixar o local. Ele já prepara o sucessor, que será o novo pajé quando ele não estiver mais no mundo dos vivos.
Pajé Luiz Antônio, da aldeia Geripankó, em Pariconha, ajuda a preservar as tradições de seu povo (Foto: Diego Barros) |
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