Braços cruzados, pouca expressão facial e uma caminhada de poucos passos na área técnica. Assim foram os primeiros minutos de Felipão à beira do campo em Atlético-MG x Palmeiras, no Mineirão. O jogo terminou com a derrota do Galo por 1 a 0 e a ampliação do jejum sem vitórias, agora de 10 jogos (nove com Scolari).
À beira de campo, ora com os braços levantados, ora com os braços cruzados, o treinador do Atlético-MG parecia não acreditar no que via em campo.
Logo aos sete minutos de jogo, em chegada perigosa do Palmeiras, Carlos Pracidelli (auxiliar técnico) se levantou do banco e foi até o treinador, que tentou passar orientações ao jogadores. No lance seguinte, Everson espalmou. Mais uma vez, o auxiliar tentou comunicação com o Scolari, que pediu para ele esperar com as mãos e voltar pro banco.
No primeiro ataque perigoso do Galo, em chute de Saravia, Felipão e Pracidelli, mais uma vez, bateram boca. Aos 15 minutos, quando o Galo se preparava para bater uma falta, o técnico chamou Everson na área técnica pra passar orientações.
Aos 25 minutos, em escanteio mal batido de Pavón, Felipão colocou as mãos na cintura indignado. No gol do Palmeiras, abriu os braços e olhou para o banco de reservas. Mariano levantou e foi à beira de campo incentivar os companheiros. Felipão seguiu com poucos movimentos e braços cruzados.
Aos 31, reclamou com o bandeirinha e discutiu com o quarto árbitro. Pediu falta em Hulk no minuto seguinte. Em quase gol de Pavón, o treinador pouco esboçou reação. Conversou com Pracidelli, que imediatamente falou com Igor Gomes. O meia entrou no lugar de Zaracho (lesionado).
Aos 41, em choque de cabeça entre Otávio e Mayke, o banco do Galo todo se levantou. O árbitro parou, como manda o protocolo, em uma vantagem que era do Atlético. Felipão aproveitou para passar orientações. Réver estava ao lado do treinador.
No fim do primeiro tempo, o técnico deixou o gramado com as mãos no bolso, cabisbaixo, e trocou algumas palavras com Réver. O zagueiro, que é o único campeão da Libertadores de 2013 no elenco, não entrou, mas teve papel ativo no banco de reservas.
Segundo tempo
Logo no começo do segundo tempo, o treinador deixou o banco e ficou na área técnica. Em lance de clara vantagem para o Atlético, que saía em contra-ataque, a arbitragem parou a jogada. Felipão perdeu a paciência.
Em quase empate do Atlético, na cabeçada de Jemerson, Scolari levou as mãos à cabeça como se não acreditasse no que estava vendo. Weverton defendeu no susto. Logo em seguida, mais reclamações com a arbitragem. Mais uma vez, foi ao quarto árbitro e bateu boca com a comissão do Palmeiras.
Após a entrada do Pedrinho no lugar de Otávio, Felipão chamou Pavón para passar orientações. Possivelmente sobre a disposição ofensiva com a entrada de mais um atacante. Na transmissão da TV Globo, o repórter Guto Rabelo informou: “Felipão deu ordem de Battaglia virar primeiro homem do meio, depois uma linha de três, com Paulinho e Hulk na frente”
Depois de falta em Hulk, Luiz Felipe Scolari fez o gesto: “1, 2, 3”, referindo-se à sequência de faltas cometidas pelo Palmeiras. No lance em que Paulinho perdeu a chance de empatar, chutando fraco na cara de Weverton (estava impedido), pouca reação do treinador alvinegro. O que chamou atenção foi o bicudo que o zagueiro Réver deu no banco de reservas. No teto. Sim, na parte alta do banco de reservas.
Aos 34 minutos, Mariano, Hyoran e Kardec foram chamados. Saíram Paulinho, Pavón e Saravia. O Galo perdeu uma bola no meio campo com o contra-ataque todo armado do Palmeiras, e Felipão abriu os braços como se não tivesse mais o que fazer. Numa nova parada para atendimento, chamou Pedrinho para uma conversa.
O enredo final tem melancolia. Os minutos até o fim da partida foram de braços para trás e caminhada lenta na área técnica. Nos acréscimos, em cabeçada de Pedrinho, abriu os braços. No minuto seguinte, apito final. Olhou para um banco de reservas desolado. Mais uma vez, abriu os braços e aplaudiu. Abraçou um membro da comissão técnica do Palmeiras antes de descer para o vestiário.
Coletiva com respostas curtas
O Galo ampliou o jejum para 10 jogos, nove deles com Felipão. Na beira do campo, um técnico com pouca reação, e muita reclamação junto à arbitragem. Se quiser avançar na Libertadores, o jejum precisa acabar na próxima semana. No Allianz. Antes, tem o São Paulo, fora de casa, pelo Brasileiro.
Na coletiva, um Felipão mau-humorado, que distribuiu algumas respostas ríspidas e questionou perguntas. Não aparentou ter gostado e ficou sem responder a pergunta sobre o "time desorganizado".
Com repostas curtas, retrucou outras perguntas e ironizou algumas, falando que o "técnico era ruim" e respondeu sobre o aproveitamento de 15% à frente do Galo:
- Nós não estamos rebaixados, mas provavelmente (o time) será rebaixado (com essa campanha).
Perguntado sobre Zaracho, fez uma expressão de dor: "hum lesão". Passou as mãos limpando a bancada da coletiva e, por vezes, bebeu água.
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