A Seleção Feminina de futebol estreou com pé direito na Copa do Mundo 2019, disputada na França desde o último dia 7. O Brasil derrotou a Jamaica por 3 a 0 e começou bem a disputa pelo título inédito da competição. O resultado garante tranquilidade para as meninas trabalharem para o próximo desafio, dia 13, diante da forte Austrália, pela segunda rodada do grupo C. A Itália fecha o grupo e será a terceira adversária do time brasileiro no próximo dia 18.
A Copa do Mundo feminina 2019 promete ser uma das mais disputadas da história. Serão 24 seleções divididas em seis grupos com quatro participantes. Nesta primeira fase, as equipes se enfrentam em cada chave e as duas primeiras colocadas garantem presença nas oitavas de final, assim como as quatro melhores terceiras colocadas. A partir daí, os 16 times se enfrentam em jogos eliminatórios até a grande final, marcada para o dia 7 de julho.
As apostas no Mundial Feminino já começaram. A favorita é a França, que joga em casa, além dos Estados Unidos, atual campeão mundial, a Alemanha, bicampeã mundial e campeã olímpica; e o Japão, atual vice-campeão. As norte-americanas são as maiores campeãs mundiais com três títulos. O Brasil corre por fora na disputa do título.
A França tem como base o time do Lyon, tetracampeão da Liga dos Campeões feminina. Jogando em casa, as francesas também buscam o primeiro título mundial.
A Copa do Mundo feminina 2019 será gigante. Os números já impressionam. A cobertura será a maior realizada. Serão 130 emissoras de televisão espalhadas em 135 países. Já são mais de 750 mil ingressos vendidos. A premiação também é a melhor já paga. A campeã levará para casa 4 milhões de dólares.
No embalo de Marta
Seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo, a meia Marta é a grande estrela brasileira nesta Copa do Mundo. A camisa 10 é a capitã brasileira e uma das mais experientes do grupo ao lado de Cristiane e Formiga.
Marta é a rainha do futebol. Atual melhor do mundo, ela também possui outra marca incrível: é a maior artilheira da história das Copas com 15 gols marcados. O que falta agora para a brasileira é o título mundial, que pode vir este ano. Esta será a quinta Copa do Mundo que a atacante participará e a jogadora garante que não joga por pressão de título. “A Copa é um objetivo. A gente tem essa oportunidade. Vejo como oportunidade, não necessidade. Isso não existe na minha cabeça. Trabalhamos para conquistar objetivos”, disse a jogadora.
Na preparação para o Mundial, Marta acabou sentindo dores na coxa esquerda, o que preocupou a comissão técnica brasileira. Ela fez tratamento, foi poupada na estreia diante da Jamaica e deve estar à disposição do técnico Vadão para o restante dos jogos da primeira fase.
A história das meninas do Brasil
O primeiro jogo da Seleção Feminina aconteceu em 1986, em um amistoso internacional diante dos Estados Unidos, com derrota por 2 a 1. Mesmo sem apoio de dirigentes, o time brasileiro seguiu participando de jogos e competições. Sua primeira Copa do Mundo aconteceu em 1991 e não conseguiu classificação para a segunda fase. Sua melhor participação foi no Mundial de 2007, com o vice-campeonato. Desde que começou a ser disputada, o Brasil participou de todas as Copas do Mundo.
Atual 10ª colocada do ranking da FIFA, a Seleção Feminina tem como principais títulos o heptacampeonato da Copa América (1991, 1995, 1998, 2003, 2010, 2014 e 2018) e as três medalhas de ouro nos Jogos Pan-americanos (2003, 2007 e 2015).
Diferente do início, hoje a Seleção Feminina recebe apoio e reconhecimento de alguns dirigentes que comandam o futebol no Brasil. Foi criada desde 2013 o Campeonato Brasileiro, com o objetivo de revelar novos talentos e confirmar a modalidade no país. A grande novidade é o surgimento de um campeonato de base, como já é feito em outros países. Ainda não está perfeito, mas a tendência é que cada vez mais as meninas ganhem o espaço que merecem.
Mas o começo não foi nada fácil. Vale lembrar que as mulheres foram proibidas de jogar futebol em 1941 por um decreto assinado pelo presidente da época, Getúlio Vargas. Segundo o documento, o artigo 54 do decreto-lei 3.199, afirmava que “às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país”. O documento dizia que a prática “feria a natureza feminina”. Este retrocesso continuou até 1979, quando foi revogado.
Neste período, a abertura política começava com o encaminhamento da ditadura militar para seu fim. Mas não houve um desenvolvimento imediato para o futebol feminino no País. Só agora, com 40 anos de atraso, vemos algumas mudanças em benefício à modalidade.
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